sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

As Pedras do Caminho

O interessante enquanto caminhamos é que não são as grandes pedras que nos atrapalham de verdade. Elas nos incomodam, geram transtorno, nos obrigam a fazer percursos inesperados, mas acabamos dando a volta e não caímos por sua causa.
Quando vemos uma grande pedra nem ao menos cogitamos enfrentá-la. Fazemos o contorno, damos a volta e seguimos em frente.
São as pequenas pedras que nos fazem derrapar nas curvas. Talvez por não arrogarem importância é que não nos preocupemos tanto com elas. Nos esquecemos de que as pequenas pedras mesmo sendo pequenas, são mais numerosas.
Não são os grandes problemas que destroem os lares. Filhos drogados, dívidas intermináveis, cônjuges entregues aos vícios, enfermidades e tantos outros problemas pedem muito a nossa atenção e, com isso, procuramos socorro na presença do Senhor. Quando pedimos Seus cuidados estamos demonstrando esforços para nos desviar das grandes pedras.
Os pequenos problemas, os mais insignificantes, mesmo sendo pequenos são mais numerosos. Eles não nos chamam a atenção, e são quase invisíveis. Sorrateiramente nos desequilibram e nos levam à queda que nenhum grande problema foi capaz de levar.
As pequenas desavenças, a desconfiança, a falta de cordialidade, a indiferença!
São como as pequenas pedras... Muitas e insignificantes... Tantas que não se pode contar...
Não caimos facilmente diante de uma grande tentação, diante de um pecado tenebroso. Mas nos acostumamos aos pequenos pecados, chegamos a pensar que não sejam mais pecado até estarmos vivendo em plena iniquidade.
Se nos colocarmos sob os cuidados de Deus diante de qualquer tipo de problema, independentemente do tamanho da pedra, "Ele dará ordem a teu respeito (...) para que não tropeces com o teu pé em nenhuma pedra" (Sl 91:11-12).
Quando nos sentimos no controle é que nos afastamos dos cuidados. Quando demonstramos excessivamente independência e autossuficiência acabamos rejeitando a soberania da vontade do Senhor que, além de remover as grandes pedras, nos dá equilíbrio sobre as pequenas.
O Espírito de Deus continua convidando-nos a estar no esconderijo do Altíssimo, em descanso à sombra do Onipotente para que estejamos seguros debaixo de Suas asas.
Não importa que caminhos tenhamos tomado, se o das grandes ou das pequenas pedras... As mãos do Senhor nos sustentam, mesmo depois da queda elas nos levantam e nos fortalecem.
Ouvimos ainda a Sua voz a nos dizer: "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça". (Is 41:10)

Marcelo Reis.


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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Suposta Ausência do Espírito Santo na Grande Tribulação

Frequentemente ouvimos teorias escatológicas tão variantes entre si que não sabemos dizer ao certo em qual delas depositamos confiança. Escatologia¹ é um assunto polêmico por natureza devido à variedade de pontos de vistas que se têm dela, mas a Bíblia diz uma única coisa e não nos dá o direito de interpretá-la de forma particular.
Este artigo pretende abordar o que se diz geralmente sobre a suposta ausência do Espírito Santo no período da Grande Tribulação (doravante denominada apenas por "Ausência").
Antes de entrar nos detalhes deste assunto, é necessário ter em mente que as verdades bíblicas são independentes das interpretações dadas a elas. Isto quer dizer que se nossas revelações pessoais ou nossos anos de estudo fazem o texto bíblico dizer o que não diz ou lançar descrédito sobre outro texto bíblico, o melhor que temos a fazer é reconhecer humildemente nossa infalibilidade e aceitar que a Bíblia inteira apresenta uma única mensagem e que, acima de tudo, ela não se contradiz. Tendo isto em mente, podemos analisar esta linha de pensamento com menos riscos de desenvolver sofismas².
O principal texto bíblico usado como base na crença da Ausência é 2 Tes 2:7:

"A verdade é que o mistério da iniquidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora o detém." - Nova Versão Internacional

O apóstolo Paulo dedicou todo o capítulo 2 da Segunda Carta aos Tessalonicenses ao tema da volta de Jesus. Inicialmente ele sugere precaução contra falsos pregadores que diziam naqueles dias que o Dia do Senhor³ já era chegado. A intenção de Paulo aqui é dar aos crentes a capacidade de reconhecer sinais que precederão o aparecimento do anticristo. O principal sinal apresentado por Paulo é a apostasia, que será imediatamente seguida do aparecimento do anticristo (v.3). Ele diz categoricamente no v.3: "Não deixem que ninguém os engane. Antes daquele Dia virá a apostasia, e então será revelado o homem do pecado, o filho da perdição". E nos vv.6-8 conclui: "E agora vocês sabem o que o está detendo, para que ele seja revelado no seu devido tempo. A verdade é que o mistério da iniquidade já está em ação, restando apenas que seja afastado aquele que agora o detém, então será revelado o perverso".

Entender o que Paulo quer dizer com estas palavras não requer muito esforço, exceto quando se lê o texto à espera que ele diga o que se deseja que ele diga. Se lermos o texto dispostos a entender unicamente o que ele diz, faremos claras constatações:

a) A mensagem central deste texto é reconhecer o tempo do juízo divino (ou Dia do Senhor), e não reconhecer o que impede a chegada do anticristo.
b) A questão da chegada do anticristo neste texto é apenas um sinal de que o Dia do Senhor ainda não chegou.
c) Paulo sugere abertamente que os tessalonicenses estão equivocados quanto ao Dia do Senhor porque não sabem reconhecer os sinais deste acontecimento.
d) O raciocínio de Paulo esclarece que Deus não derramará a sua ira antes que aconteça a apostasia, e é justamente contra a apostasia que o Senhor se indignará, pois por ela as pessoas rejeitarão o amor à verdade que os poderia salvar (v.10).
e) Se a apostasia é o fator imprescindível para o aparecimento do anticristo, ele não poderá se manifestar enquanto houver verdadeiros crentes na terra.
f) Com base nas afirmações anteriores é que Paulo conclui que "agora vocês sabem o que o está detendo", e que "resta que seja afastado aquele que o detém, então será revelado o perverso". O que as afirmações deixam transparecer é que Deus não derramará a sua ira sobre crentes fiéis, e por isto não permite que o anticristo apreça e realize suas proezas. A apostasia consiste no abandono integral da fé em Deus e em Cristo, coisa impossível de acontecer enquanto houver crentes fiéis na terra. Mas quando "o que o impede for tirado do meio" (ARC), então se revelará o homem do pecado.
g) Nenhuma das afirmações do texto sugerem ou insinuam que o Espírito Santo seja o agente impedidor do aparecimento do anticristo, mas a Igreja fiel que será arrebatada.


Esclarecidos os problemas de interpretação do texto base para a Ausência, deve-se também reconhecer os problemas acarretados pela crença neste pensamento. Os absurdos decorrentes deste pensamento são inúmeros, mas podemos citar os principais:


1. Crer que o Espírito Santo será tirado da terra é o mesmo que negar sua onipresença, afinal não há um único lugar no universo que não seja preenchido pela presença de Deus em todo tempo (Sl 139:2-18). Não devemos também confundir as inferências bíblicas do tipo "o Espírito Santo não habita corpos impuros" (em 1 Cor 6) com a afirmação "o Espírito Santo está ausente de corpos impuros", isto porque não habitar é algo distinto de não estar presente. O fato de eu não morar na Igreja, por exemplo, não me torna ausente dela.
2. Se o Espírito Santo é quem convence o homem de seus pecados (Jo 16:8) e dá testemunho de Cristo (Jo 15:26), sua ausência impossiblitaria as conversões narradas na Bíblia no período da Grande Tribulação. Isto invalidaria o ministério das duas testemunhas (Ap 11) e dos 144.000 judeus assinalados para pregar o Evangelho do verdadeiro Cristo, além de anular a própria salvação destes judeus e dos mártires vistos na glória, provenientes da Grande Tribulação.


Aplicar os princípios da hermenêutica4 bíblica à nossa interpretação é muito importante. Apoiados nela teremos o cuidado de analisar um texto à luz de toda a Bíblia. Se uma afirmação aparentemente verdadeira rechaça outros textos e/ou verdades bíblicas, estaremos convictos de que se trata de um sofisma. É o que ocorre com o ensino da Ausência do Espírito Santo na Grande Tribulação.


Que a comunhão do Espírito Santo seja conosco!
Marcelo Reis.

¹Escatologia é o nome que se dá ao estudo das últimas coisas.
²Sofisma é o que se diz de um raciocínio falso ou vicioso, baseado em meias verdades. Geralmente é utilizado para defender mentiras que parecem verdades, mas não possuem provas suficientes para se sustentar.
³"Dia do Senhor" é o termo empregado para designar o tempo que Deus irá tratar com a humanidade de acordo com a Sua justiça. Não se trata de um "dia literal", mas do período que compreende todo o cumprimento da justiça divina aplicada a justos e injustos no fim dos tempos até o estabelecimento do milênio.
4Hermenêutica é a ciência da interpretação de textos. É composta por um conjunto de regras que permite uma interpretação quase sem equívocos, quando bem empregadas.


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sábado, 15 de outubro de 2011

O Preço da Liberdade

George Tomas, um pregador inglês, apareceu um dia em sua pregação carregando uma gaiola vazia e, colocando-a no púlpito, começou a falar:

"Estava andando pela rua ontem, e vi um menino levando esta gaiola. Dentro dela havia três pequenos passarinhos com frio e com medo. Eu perguntei ao menino o que ele iria fazer com aqueles passarinhos e ele respondeu: 'Vou levá-los para casa, tirar as penas e queimá-los. Quero me divertir com eles.' Perguntei a ele quanto queria que eu pagasse por aqueles passarinhos, e me respondeu: 'O senhor não vai desejá-los, eles não servem para nada. São feios!' Mas paguei dez dólares por eles e soltei-os próximo a uma árvore."

Parafraseando esta experiência à obra salvadora do Senhor Jesus, o pregador propõe a seguinte parábola:

"Um dia Jesus e Satanás estavam conversando e Jesus perguntou a Satanás o que ele estava fazendo para as pessoas aqui na terra. Satanás respondeu: 'Estou me divertindo com elas, ensino a fazer bombas e a matar, a usar revólver, a se odirar, a casar e divorciar, ensino a abusar de criancinhas, ensino os jovens a usar drogas, a beber e fazer tudo o que não se deve, assim acabarão consigo mesmos e se condenarão futuramente. Estou me divertindo muito com eles!'
Jesus perguntou: 'E depois o que você vai fazer com eles?'
'Vou matá-los e acabar com eles!'
Jesus disse: 'Eu os quero. Quanto você quer por eles?'
Satanás respondeu: 'Você não vai querer essas pessoas, elas são traiçoeiras, mentirosas, falsas, egoístas e avarentas! Elas não vão te amar de verdade, vão bater e cuspir no seu rosto, vão te desprezar e nem vão levar em consideração o que você fizer!
'Quanto você quer por elas, Satanás?'
'Elas não querem você. Mas se você as quiser, elas custarão toda a sua lágrima e todo o seu sangue!
'Eu aceito!'
E Jesus pagou o preço da nossa liberdade!"

Muitas vezes nos deixamos esquecer de que somos livres e nos conformamos às grades que se põem diante de nós. Abrimos mão da liberdade que há em Cristo para nos entregar à dor e ao sofrimento. Mas conhecemos a Verdade, e por ela fomos libertos. O Filho nos libertou, por isto somos verdadeiramente livres.
Precisamos dar valor a esta liberdade mesmo diante da tribulação. Não devemos voltar às gaiolas por causa da angústia, do abandono ou da rejeição. Devemos estar certos de que as dificuldades que se opõem a nós foram feitas para ser vencidas, pois em todas estas coisas somos mais que vencedores em Cristo Jesus!
O nosso Deus é um Deus de montanhas e de vales também. Tudo é felicidade quando estamos na montanha, mas é nos vales que se produzem os melhores frutos.

Que a Graça do Senhor nos conserve livres n'Aquele que nos amou.
Paz a todos, em nome de Jesus.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Unicismo

O Unicismo surgiu no final do segundo século da era cristã. A dificuldade de conciliar o monoteísmo judaico com a doutrina da Trindade, reconhecida e propagada pela Igreja, levou parte dos cristãos desta época a rejeitarem o ensino trinitariano. Na pessoa do bispo Sabélio, o Unicismo ganhou forças para enfrentar o posicionamento predominante dos trinitarianos na Igreja.
Mais que uma controvérsia teológica, os unicistas propunham em sua teologia que a doutrina da Trindade seria uma heresia que conduziria os cristãos à idolatria. Partindo do princípio de que Deus é um, Sabélio e seus companheiros desenvolveram o raciocínio unicista afirmando que se há um único Deus, e tanto Deus Pai quanto  Jesus Cristo e o Espírito Santo são Deus, logo Pai, Filho e Espírito Santo são uma única pessoa. Acreditaram que afirmar que Pai, Filho e Espírito Santo são três pessoas do único Deus seria o mesmo que exercer fé em três deuses distintos.
Segundo o Unicismo, o que nós chamamos de "pessoas" na divindade são, na verdade, os modos em que Deus se revelou à humanidade. Deus teria se revelado como "Pai" no Antigo Testamento, como "Filho" na encarnação, e como "Espírito Santo" a partir do Pentecostes até os dias atuais. Esta linha do pensamento unicista lhe permitiu ser conhecido como Modalismo, e em referência a Sabélio foi chamado também de Sabelianismo.
Em contraposição à verdade bíblica de que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16), desenvolveu-se o pensamento do "patripassianismo" (pater: pai - passio: sofrimento), que afirma que foi  o próprio Deus Pai quem encarnou-se no ventre de Maria virgem e sofreu pelos nossos pecados. O perigo deste pensamento reside na rejeição da grandiosidade do amor divino ao entregar pelos pecadores seu único Filho.
O patripassianismo aniquilaria também, mesmo que os unicistas não aceitassem, a humanidade de Jesus e a intensidade do sofrimento da Paixão, pois já que era Deus sofrendo, em nada precisaria da ajuda que Jesus pediu ao Pai na angústia do Getsêmani.
A base bíblica utilizada para apoiar o Unicismo é, majoritariamente, tirada do Antigo Testamento, quando ainda o Filho e o Espírito Santo eram desconhecidos pelos homens. As poucas referências utilizadas com base no Novo Testamento só poderão ser utilizadas se outras forem desprezadas. As referências neotestamentárias preferidas pelos unicistas são: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30; 17:11) e "Quem vê a mim, vê o Pai" (João 14:9), mas interpretando exegeticamente, vemos que outras referências bíblicas deverão ser anuladas, principalmente os versículos que evidenciam o relacionamento do Filho com o Pai. Enquanto Jesus, resumidadamente, diz "Eu e o Pai somos um" em João 10:30, a oração intercessória registrada em 17:21-23 deixa explícito a que tipo de unidade Jesus se refere quando fala do Pai:

"Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim.
Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste."

O pedido de Jesus nesta oração revela a natureza da unidade que ele tem com o Pai. Sua vontade é que os crentes sejam um, ASSIM COMO ELE E O PAI. Deixaremos todos de ser indivíduos e seremos uma única pessoa? É certo que não. Mas estando em Cristo, seremos todos membros de um só corpo, todos os salvos do mundo somos um no Senhor, assim como o Pai e o Filho o são. Jesus deseja que sejamos levados por Deus à PLENA UNIDADE, e assim seremos amados pelo Pai, tanto quanto o Filho o é. Se a plena unidade do Pai com o Filho é como a que ele deseja para os fiéis, não resta dúvidas de que  Deus é um, como a Igreja é uma, como a Noiva do Cordeiro é uma, como o casal é um. Deus é um em plenitude. A essência, o poder, a glória e autoridade de Deus não variam do Pai para o Filho, nem do Filho para o Espírito Santo, assim como para o Senhor nenhum de nós é maior ou melhor do que alguém.
Além deste versículo, o batismo de Jesus no Jordão deixa evidente que não era o Pai quem estava nas águas sendo batizado. O Filho está nas águas, o Pai dá testemunho do Filho de sobre as nuvens, e o Espírito Santo desce sobre Jesus em forma de uma pomba. Pela primeira vez Deus se revela aos homens em plenitude.
Quando João vê a sala do trono de Deus em Apocalipse 5, ele vê o Pai sentado no trono e também o Cordeiro no meio do trono e dos vinte e quatro anciãos. Ele se aproximou e tomou o livro selado das mãos do que estava assentado sobre o trono para o abrir. O Cordeiro é louvado pelos anciãos que dizem: "Digno és, pois morreste e reviveste, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda língua, tribo, povo e nação". João não viu o Pai abrir o livro, nem viu apenas aquele que estava assentado no trono; ele viu também o Cordeiro que se aproximou e tomou o livro. É evidente que o Pai e o Filho não são a mesma pessoa.
Quando Jesus está esclarecendo aos discípulos que é necessário que Ele volte ao Pai para enviar o Consolador, está claramente dizendo que ENVIARÁ o Consolador (João 16:7), e que se ele não for o Consolador não virá, por isso precisa ir. Jesus diz também que o Espírito Santo não dará testemunho próprio, mas falará de Jesus. Esta afirmação deixa claríssima a verdade de que Jesus não é o Espírito Santo.
Na controvérsia com os judeus em João 8:12-19, Jesus defende a veracidade de seu testemunho servindo-se da Lei judaica, que diz que o testemunho de uma única pessoa só deverá ser tomado como verdadeiro se alguém testemunhar com ele a mesma coisa. Com base nisto, Jesus afirma que não dá testemunho único de si mesmo, pois o Pai também testifica dele. Dizer que Jesus e o Pai são uma única pessoa é o mesmo que dizer que Jesus trapaceou os judeus usando a Lei, pois disse que o Pai é outra pessoa que também é testemunha dele.
No Getsêmani, Jesus ora ao Pai pedido-lhe que fizesse passar dele aquela agonia, mas admite: "Seja feita todavia a Tua vontade, não a minha!" (Lc 22:42). Com esta frase, podemos ver perfeitamente que, nesta ocasião, a vontade de Jesus e a vontade do Pai não são a vontade de uma única pessoa.
A clareza da insolidez da doutrina unicista fez com que o Unicismo fosse rechaçado pela Igreja por volta de 260 d.C. e condenado no primeiro concílio de Constantinopla em 381. Embora os teólogos da época estivessem decididos contra o Unicismo, ainda observou-se a continuação do movimento e a existência de seguidores em muitos lugares. No terceiro concílio de Constantinopla (680 d.C) o Sabelianismo é citado outra vez,  sendo finalmente rejeitado o batismo de Sabélio que utilizava somente o nome de Jesus.
Recentemente (pouco antes do século XX), o Unicismo ressurgiu com caráter pentecostal. As principais igrejas unicistas brasileiras são o Tabernáculo da Fé, o Ministério Voz da Verdade, a Igreja Pentecostal Unida do Brasil (de onde saiu o Ministério da Igreja Voz da Verdade) e a Igreja de Deus do 7º Dia.
Para a maioria dos unicistas, crer na doutrina da Trindade é cometer idolatria, e não ser batizado apenas em nome de Jesus impede o crente de ter acesso à graça de Deus. Geralmente o unicista crê que o batismo unicista é fator imprescindível para salvação, enquanto o batismo trinitariano leva o homem à condenação. Grande parte deles evita manter contato com crentes trinitarianos, salvo raras exceções como o Ministério Voz da Verdade, que mesmo discordando (e até afrontando) da doutrina da Trindade mantém uma aparente comunhão com as igrejas trinitarianas. Os seguidores do Tabernáculo da Fé são majoritariamente defensores de um tipo de doutrina da predestinação que anula a doutrina da eleição. Sob o seu ponto de vista, todos aqueles que serão salvos irão mais cedo ou mais tarde negar a doutrina da Trindade.
Dúvidas frequentes permeiam o meio trinitariano em relação aos unicistas. Estamos certos de que o batismo não é suficiente para salvar e de que a fé em Cristo Jesus é a fonte de toda a salvação, mas não sabemos até onde podemos manter comunhão com seguidores do Unicismo. Teoricamente refutamos a doutrina unicista, mas na prática cantamos os louvores compostos por eles em nossos cultos (com ênfase nas músicas do conjunto Voz da Verdade), principalmente nas igrejas trinitarianas pentecostais.
Não somos capazes de julgar a unção do Espírito Santo nos louvores deste conjunto, mas sabemos que negar que Deus enviou seu único Filho é heresia.
Diante disto, o melhor que temos a fazer é seguir os conselhos sábios dos apóstolos Paulo e João: "Examinai tudo e retende o que é bom" (1Ts  5:21), mas "não creiais a todo espírito" (1Jo 4:1). Por isto devemos examinar sempre as Escrituras, tendo cuidado de nossas almas e da ortodoxia cristã.


Trinitariano convicto,
Marcelo Reis.

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sábado, 1 de outubro de 2011

A Imagem do Divino Pai Eterno e a Bíblia

"Tende cuidado com a vossa vida. No dia em que o Senhor, vosso Deus, vos falou do seio do fogo em Horeb, não vistes figura alguma. Guardai-vos, pois, de fabricar alguma imagem esculpida representando o que quer que seja, figura de homem ou de mulher." (Deuteronômio 4:15,16 - Bíblia Ave Maria)

"E isto foi uma cilada para a humanidade: os homens, sujeitando-se à lei da desgraça e da tirania, deram à pedra e à madeira o nome incomunicável".(Sabedoria 14:21 - Bíblia Ave Maria - o livro não consta nas Bíblias protestantes)

Considerando a quantidade de vezes em que o Senhor Yahweh repreendeu Israel contra a confecção de imagens de escultura, não fica difícil entender que o Soberano tem completa aversão à veneração que se presta a elas.
No Sinai, Israel recebeu os mandamentos que firmariam a aliança entre Deus e o Seu povo. O segundo, dos dez mandamentos, proíbe os israelitas de fabricarem qualquer tipo de imagem de "escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra" (Êxodo 20:4 - Bíblia Ave Maria).
Quando o povo israelita está prestes a entrar na terra de Canaã, prometida por Deus, os oráculos de Yahweh tornam a recomendar o povo a não se corromper com as práticas pagãs do culto idolatrício prestado a imagens de escultura. A reprovação do Criador em relação à devoção a estátuas é tão grande que ele proíbe explicitamente que Seu povo dedique a Ele uma imagem, lembrando-os que ninguém jamais viu uma figura que o representasse (Deuteronômio 4:15,16).
No século VI o papa Gregório Magno iniciou o uso de ícones no culto evangelístico de uma forma bem mais simplória do que vemos hoje. A intenção era evangelizar os analfabetos através das pinturas de figuras bíblicas nas paredes. A ilustração ajudaria aqueles que não liam a entender melhor o que era afirmado na pregação. Mas infelizmente aconteceu na igreja o mesmo que foi narrado no deuterocanônico Sabedoria de Salomão 14:20: "a multidão, seduzida pelo encanto da obra, em breve tomou por deus aquele que tinham honrado como homem". Resultado: os cristãos passaram a praticar a idolatria.
A má utlilização das pinturas evangelísticas despertou um sentimento entre cristãos mais conservadores que viriam a criar a Iconoclastia, movimento que visava reprovar o culto às imagens, mas no  II Concílio de Nicéia, convocado pela imperatriz Irene e realizado em 787 d.C., foi declarado legítimo o uso de imagens nas igrejas. Em 813 a igreja voltou a banir as imagens, voltando a adotá-las logo em 843. A inconstância do uso-versus-não-uso de imagens na igreja acaba por refletir a insolidez do dogma da veneração de imagens.
Em 1840, um casal de lavradores encontrou às margens de um córrego um medalhão contendo a representação da Santíssima Trindade coroando Maria nos céus. Sabe-se pouco demais sobre a origem da imagem antes do achado, não se sabe quem a confeccionou nem o que a teria levado a ser confeccionada.
Acontece que, encantados pela beleza da obra, o casal e seus vizinhos passaram a rezar junto à imagem que logo ganhou uma capela e passou a ser a representação do Deus que proibiu o Seu povo de lhe representar. O medalhão de barro encontrado nas proximidades do Córrego do Barro Preto foi depois substituído por uma réplica de madeira, à qual deram o nome incomunicável (Sb 14:21).
Sim, o Deus de aparência indizível, nunca visto por alguém, é hoje representado pela imagem de um idoso senhor, cuja imperfeição biológica é estampada pela calvície.
Mesmo crendo que Deus existe eternamente em três pessoas co-iguais, seria muito pagão admitir que uma imagem composta de quatro pessoas (note a Virgem Maria à frente da Trindade) represente o único Deus!
Se esta imagem é a representação do Divino Pai Eterno, o que faz Maria nesta imagem?
Por mais que reconheçamos que esta agraciada serva do Senhor é a mais bem-aventurada entre as mulheres, elevá-la ao grau de reverência devida ao Deus Triúno é idolatria gravíssima.
Ainda que a representação da imagem fosse adequada, não poderíamos crer que o Deus que proibiu a fabricação de imagens mudasse seu parecer contra a Sua própria Palavra, a Bíblia, e agora aceitasse ser representado por uma obra feita pelas mãos de um artífice. Crer nisto é mudar a verdade de Deus em mentira (Rm 1:25), é acrescentar palavras à Palavra de Deus (Dt 4:2; Ap 22:19) e afrontar seus mandamentos.

Somente a Ele glória na igreja pelos séculos dos séculos! Amém!
Marcelo Reis.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mercado da Pregação

"Por onde forem, preguem esta mensagem: ‘O Reino dos céus está próximo’.
Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça." (Mt 10:7,8 - NVI)

Eu me recordo de ouvir, já há algum tempo, pregadores sérios e comprometidos com o Evangelho advertindo os ouvintes quanto ao perigo em dar valor a qualquer tipo de pregação. As mensagens que exigissem do fiel algum tipo de esforço financeiro para ser abençoado por Deus deveriam ser rejeitadas e combatidas. Demorou muito tempo, mas aprendemos que a bênção de Deus está relacionada a muitos outros fatores além da oferta. É claro que a oferta tem sim o seu valor no culto cristão, mas não é mérito para se alcançar o favor do Senhor.
Outro problema que enfrentamos hoje no "mercado da pregação" não é o pregador de falsas doutrinas, é o pregador da doutrina verdadeira, aquele que ensina a Verdade, luta contra as heresias e defende o genuíno Evangelho, mas o faz por um preço, fixado em contrato e tudo mais.
A Bíblia é claríssima quanto à dignidade de sustento para aqueles que vivem para anunciar o Evangelho (1 Cor 9:4-14; 2 Cor 11:8; Fp 4:15-19) e contra isto não há o que se argumentar, mas entre sustentar-se e ficar rico às custas do Evangelho há uma enorme diferença.
É impossível associar esta conduta às Escrituras Sagradas e ao Jesus que é pregado através delas. Não podemos crer que aquele Cristo que nem tinha onde reclinar a cabeça concorde com o enriquecimento ilícito daqueles que pregam em Seu nome.
Estamos prevenidos contra homens que pregam o evangelho de riquezas, mas a todo tempo ouvimos os profetas de Mamom interessados nas riquezas pregando o Evangelho de Cristo. Diante da pregação destes homens eu sinto a impressão de ouvir o eco das palavras de Jesus dizendo: "Façam o que eles dizem, mas não o que eles fazem, pois dizem uma coisa e fazem outra!" (Mt 23:3).
Não é raro tentarmos convidar um ou outro pregador de nome para ministrar em nossas igrejas e não sermos capazes de cumprir suas exigências. Os mensageiros do Carpinteiro de Nazaré estão exigindo, além de um cachê de no mínimo quatro dígitos e que não comecem com o número "1", transporte de luxo, estadia em hotel de alta qualidade com direito a acompanhante, pagamento adiantado e outras mordomias dignas de um rei. São verdadeiros pop stars.
Há cantores e pregadores que para adorarem a Deus por no máximo uma hora e meia, exigem valores altíssimos, e caso a igreja não possa corresponder ao valor pedido não haverá adoração com a presença majestosa de sua grandeza no culto. Recentemente procuramos uma cantora para participar de um congresso em nossa igreja, mas não pudemos arcar com o cachê de R$ 13.000,00 pedido por ela para cantar com play-back...
Houve também o caso de um famoso pregador avivalista que chegou a vir ministrar por um cachê de R$ 5.000,00. Embora o valor já estivesse de ótimo tamanho para quem ministra em mais de trinta cultos por mês, os irmãos o agraciaram com uma oferta de R$ 18.000,00 em resposta à súplica feita por ele após a mensagem.
Que evangelho é este, meus irmãos?
Você imagina Jesus adentrando as portas da igreja como fez na purificação do templo? Será que não estamos permitindo que transformem a casa do Deus vivo em covil de ladrões?
Já que estão "vivendo para obra de Deus" por que será que estes tão empenhados pregadores não se engajam na obra missionária e vão fazer missões onde é realmente necessário? Talvez o problema seja o cachê... Seu galardão está sendo entregue aqui mesmo.
Você já imaginou quantas famílias carentes seriam atendidas com R$ 23.000,00 no caixa da assistência social da igreja local? As melhorias necessárias à igreja seriam prontamente realizadas com muito menos, mas preferimos entregar as primícias da nossa bênção a quem nada fez por nossas igrejas a não ser animar a plateia durante uma hora.
Estamos cansados de pão e circo nas igrejas.
Precisamos urgentemente reformar nossa cultura sensacionalista e investir nosso dinheiro naquilo que é pão de verdade. Se o que gastamos com os shows experiencialistas fossem gastos em cursos teológicos ou em seminários de boa qualidade, certamente não estaríamos alugando pregadores, mas formando pregadores do mais alto nível para ministrar gratuitamente em nossas igrejas.

Em Cristo,
Marcelo Reis.

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Unção de Objetos à Luz da Bíblia

O Brasil é um país riquíssimo em diversidade. Se há diversidade cultural e étnica nesta vasta nação, imagine o que há nas variantes teológicas! Neste país acredita-se em tudo e para todo o tipo de ensinamento há seguidores.
Como igreja, é necessário termos a Bíblia sempre à frente das decisões, principalmente na escolha das práticas litúrgicas e diversas do dia-a-dia, pois a convivência com a cultura da diversidade pode nos levar continuamente a introduzir no culto cristão algumas práticas pagãs e antibíblicas.
Entre os muitos erros que deixamos de evitar está o mau uso do óleo da unção. Muitos crentes, na intenção de fazer a coisa certa acabam por dar ao óleo da unção funções estranhas às que ele realmente tem.
Sob uma interpretação equivocada de Ex 30:22-33 tomam a liberdade de usar o óleo para ungir objetos de uso pessoal, casa, carro, moto, bicicleta, portas, portais, mobília da casa e outros objetos inanimados. Para não incorrer neste erro é preciso ter consciência de que Ex 30:22-33 fala da manipulação de um óleo encomendado por Deus para ungir os utensílios do santuário de forma que estes fossem santificados e santificadores; tudo o que eles tocassem seriam santos. Ele serviria também para ungir Arão e seus descendentes que foram consagrados a Deus para o serviço sacerdotal no santuário. Os vv. 32-33 deixam claro que com ele não se ungiria a carne do homem comum, principalmente se este fosse um estranho, e que o povo estaria terminantemente proibido de compor um outro óleo semelhante a este ou usá-lo sobre um estranho, e isto sob pena de extirpação de entre o povo de Deus.
Este texto é demasiadamente claro quanto à diferença entre o óleo da unção que ungia os utensílios do santuário e este óleo que vemos hoje ungindo tudo o que se quer ungir.
Fora deste texto, não existe nenhuma referência bíblica sobre ungir objetos.
Além da inadequada unção de objetos de uso pessoal, ainda podemos observar no meio evangélico uma onda de rosas ungidas, travesseiros, cajados, chaves, lenços , envelopes [?!] e qualquer coisa que a criatividade for capaz de fazer para chamar a atenção , como uma fotografia, também poderá ser ungida.
Como se não bastasse todas estas coisas serem ungidas inadequadamente, em muitos  cultos podemos presenciar a unção de pessoas em atacado. Sim, pessoas com os mais variados tipos de problemas sendo ungidas à uma, quando a Bíblia apenas recomenda a unção de pessoas enfermas (Tg 5:14). São ungidos hoje no meio do povão os incrédulos, os bêbados, os viciados e até os endemoninhados, tudo em nome de Jesus e como se tivesse alguma aprovação bíblica para isso. É preciso tomar cuidado para não banalizar a atuação do Espírito Santo entre nós.
Quando conhecemos o verdadeiro significado do óleo da unção nosso entendimento se abre contra os ventos de doutrina que giram em redor dele. Assim como a água do batismo simboliza o Espírito Santo quanto à lavagem da regeneração (Tt 3:5), o óleo da unção simboliza a ação do Espírito quanto à cura divina, ao bálsamo que alivia toda a dor. Ungir objetos para livrá-los da intenção do maligno é o mesmo que batizá-los em água para declarar que são de Deus, ou seja, é teologicamente ridículo e averso ao propósito do óleo do santuário.
Não é possível invocar o Espírito de Deus sobre objetos inanimados, mas sobre crentes. Também não podemos invocá-lo sobre bêbados, endemoninhados, viciados ou qualquer outra pessoa que não o tenha aceitado como Ajudador.
Devemos sim cuidar de cada ato de nossos cultos primando pela ortodoxia, combatendo as inovações antibíblicas e lutando por preservar a integridade da fé que foi dada aos santos de uma vez por todas (Jd 3).


Marcelo Reis.

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

É Correto Crer na Regeneração Batismal?

"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." João 3:5

Passar pelas águas do batismo é uma experiência de tamanha grandeza que eu não poderia simplesmente explicar usando palavras. Porém, o significado do batismo ainda é algo desconhecido para uma boa parte dos cristãos já batizados.
Muitos irmãos vêem no batismo um evento de lavagem de pecados literal, como se entrassem nas águas contaminados pelo pecado e saíssem purificados. Alguns chegam a justificar-se diante de alguma irresponsabilidade diante de Deus e da igreja utilizando o famoso "ainda não sou batizado", quando deveria dizer "ainda não sou convertido".
Além de não possuir valor salvífico algum, o batismo também não perdoa nem purifica pecados. É através do sangue de Jesus que somos purificados de todo o pecado (1 Jo 1:17),  e é nele que branqueamos nossas vestes (Ap 7:14).
O batismo em águas é a confissão pública da fé no Senhor Jesus Cristo, onde sepultamos - simbolicamente - o velho homem que viveu em pecados e morreu para o mundo, e que agora nasce para uma nova vida submissa à vontade de Deus. Deve-se portanto ter em mente que esta confissão e este sepultamento simbólico vem tornar público aquilo que já aconteceu, no ato da conversão, quando o pecador decidiu entregar-se a Jesus e o recebeu como Salvador.
Não há uma única base bíblica sequer para crermos que o batismo tenha um valor real para remoção de pecados, ou que ele produza uma regeneração espiritual na vida de quem se submete a ele. Crer nesta linha de pensamento chega a ser um atentado contra a doutrina do Novo Nascimento.
Alguém que passou pelas águas batismais e não entregou a vida ao Senhor não passou pelo Novo Nascimento. Se um pecador desce às águas sem conversão, de maneira alguma será limpo de seus pecados, entrará nas águas um pecador seco e sairá um pecador molhado, nada mais. Todavia, se alguém desce às águas depois de entregar-se a Jesus Cristo, antes mesmo do batismo seus pecados já foram perdoados, pois já terá crido no Senhor Jesus, já terá abandonado sua vida de pecados e está pronto para tornar isto público.
A crença na regeneração batismal fundamenta-se na interpretação equivocada de versículos como João 3:5 e I Pedro 3:21.
No primeiro caso, Jesus está instruindo o fariseu Nicodemos sobre a necessidade de nascer de novo (em grego nascer de cima) dizendo que "aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus". O problema da interpretação aqui é deixar-se esquecer que a água do batismo é uma figura do Espírito Santo que convence o pecador de seus pecados, levando-o ao arrependimento e à entrega pessoal a Cristo, que por sua vez lhe purifica de todo o pecado através do Seu sangue expiador. O "nascer de novo"  aqui não significa ser batizado, mas transformado.
No segundo caso, em I Pe 3:21, o apóstolo está parafraseando a salvação da família de Noé sobre as águas do dilúvio e a salvação dos crentes REPRESENTADA (e não causada) pelo batismo. Pedro está dizendo que oito pessoas se salvaram do dilúvio pela água, que como uma verdadeira FIGURA agora nos salva, o batismo. Ele completa esclarecendo que a figura batismal não salva através da remoção da sujeira do corpo, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo.
Não fica difícil compreender o paralelo que Pedro faz entre o dilúvio e o batismo quando fazemos com ele a comparação. Veja: As oito pessoas foram salvas do dilúvio através da água ou da arca que os fez escapar da água? Sem dúvida nenhuma sua salvação foi o resultado da obediência à Palavra de Deus que lhes ordenou entrar na arca. Esta água do dilúvio simboliza o batismo do ponto de vista do pecador dos dias de Noé: quem "entrou na arca" para se salvar foi salvo, quem não deu ouvidos à pregação de Noé foi vítima da ira de Deus. Comparado a este evento, o ato do batismo está nos dizendo que a pessoa a ser batizada já tomou sua decisão de entrar na arca e está agora tornando pública a entrega de sua vida ao Senhor Jesus. Paralelamente, esta pessoa é como uma das oito que entraram na arca e se livraram da ira de Deus.
Mas a relação do dilúvio com o batismo é tão simbólica que nem todos os batizados são salvos. Nem todos nasceram de novo ou tiveram suas vidas transformadas.
O Novo Nascimento é a chave de entrada para o reino de Deus. Apenas um encontro real e pessoal com o Filho de Deus é capaz de transformar a vida de alguém, de tornar um pobre pecador num herdeiro do reino dos céus. Foi assim com o ladrão da cruz ao lado de Jesus, que creu no Senhor mas não pôde ser batizado, e teve garantida sua entrada no Paraíso (Lc 23:43).
Somos regenerados sim, não pela água do batismo, mas pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo (Tt 3:5).
Numa linha de pensamento diametralmente oposta, estão aqueles que crêem tanto que o batismo não é suficiente para salvar que procuram motivos para não se batizar. Chegam a dizer que não precisam do batismo, já que o Novo Nascimento independe dele. Estes, na verdade, ainda não experimentaram o nascer de novo, pois quem teve a experiência da regeneração através duma genuína conversão anseia em tornar isto público através do batismo.
Concluímos que a doutrina da regeneração batismal só deverá ser aceita se deixarmos de crer que quem opera a regeneração do homem é o Espírito de Deus. Concluímos também que o batismo só deverá ser dispensado quando de fato não houve conversão.



Graça e Paz a todos, por Aquele que nos lavou em Seu sangue e nos selou para a vida eterna, Cristo Jesus.
Marcelo Reis.

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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Devolvendo a Autoridade

"O maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve." Lc 22:26b

A Bíblia ensina que para alguém ser grande no Reino dos Céus é necessário se considerar pequeno nesta vida, e quem quiser ser o maior deve servir a todos. O sábio Salomão dizia que "diante da honra vai a humildade" (Pv 18:12b). Lidar com a natureza humana e conciliá-la com a vida cristã é uma tarefa difícil, pois enquanto homens queremos reconhecimento e respeito de todos, mesmo quando devemos isto a Deus, de quem procede toda a autoridade (Rm 13:1).
Queremos que as pessoas vejam a autoridade de Deus que há em nós, e isto é bom, mas nossa natureza nos leva a esperar que as pessoas nos admirem por isto em vez de remeter a honra e a glória Àquele que nos conferiu autoridade.
Nos preocupamos tanto em não desagradar a maioria, que às vezes deixamos de defender verdades bíblicas para que não sejamos vistos com maus olhos. Tudo pelo medo de perder a autoridade, como se a tivéssemos de nós mesmos.
Quem tem autoridade dada por Deus não precisa reivindicá-la, nem precisa ter medo de perdê-la. Quando o Senhor chama alguém para um determinado propósito e lhe confere autoridade, pode até haver oposição, mas o próprio Deus se encarrega de levar a cabo os Seus projetos.
O livro de Números registra uma história que chama nossa atenção ao zelo do Senhor pela autoridade que ele confere. Trata-se da história da rebelião de Coré.
O Senhor escolhera Moisés e Arão como príncipes da congregação. Competia aos descendentes de Arão exercer o sacerdócio no santuário. A administração e o ministério do tabernáculo foram conferidos às outras famílias de levitas que estariam sujeitas à autoridade de Arão e Moisés.
Coré, que também era descendente de Levi, provocou uma revolta para dar fim à autoridade de Arão e de Moisés, mas o Senhor se indignou contra eles e contra os que se juntaram a eles, fazendo que a terra se abrisse e tragasse duzentos e cinquenta homens que se dispuseram a oferecer incenso no lugar da família de Arão. Israel levantou-se contra eles por isto também, acusando-os de haver matado o povo do Senhor.
Por causa da murmuração contra Arão e Moisés, o Senhor enviou uma praga que matou mais quatorze mil e setecentos homens.
Para acabar com a disputa e com a murmuração, o Senhor propôs aos filhos de Israel que cada líder de cada tribo levasse a Moisés uma vara com seu nome escrito para lhe representar e para ser levada à tenda da congregação, diante da arca do Senhor. Ali o Senhor se manifestaria e faria a vara de um deles florescer, confirmando o ministério daquele a quem Ele teria escolhido.
No outro dia, voltaram os filhos de Israel, e Moisés entrou no santuário para buscar as varas. A vara de Arão não havia apenas florescido, mas havia florescido, brotado e dado amêndoas. Cada líder recebeu de volta sua vara, mas a vara de Arão voltou para diante da arca do Senhor, onde continuamente florescia, brotava e dava amêndoas.
Quando a Bíblia nos fala destas varas, ela nos fala de autoridade. Ao fazer a vara de Arão florescer Deus estava legitimando diante de Israel a Sua aprovação sobre a vida e sobre o ministério deste homem, além de confirmar diante de todos que autoridade de Arão vinha de Deus. Não é necessário tentarmos provar aos outros que nossa autoridade vem do Senhor, pois Ele mesmo faz isto por nós.
Quando a vara florescida volta pra diante da arca, Arão está devolvendo ao Senhor a autoridade que lhe foi concedida. Arão está reconhecendo que se sua autoridade não estiver diante do Senhor, suas flores murcharão, seus frutos se acabarão e toda a beleza desaparecerá.
O exemplo de Arão deve ser trazido para nossas vidas. Quantas vezes perdemos a autoridade no ministério ou na família por deixar de colocá-la diante da presença de Deus! Quando entregamos a Deus a autoridade que nos foi dada, estamos a fortalecendo, pois toda a autoridade vem d'Ele.
É necessário ter conciência de que se há em nós alguma autoridade é para que esta seja usada para engrandecimento do nome d'Aquele que tem todo o poder.
Se quisermos subir, teremos que descer. Se quisermos ser grandes, devemos servir a todos. Para sermos ainda maiores, devemos ser os menores, pois importa que o homem diminua para que Cristo seja engrandecido em nós, até que cada um de nós diga: "Não mais eu, mas Cristo vive em mim!"

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Vida eterna no céu? Não é bem assim...

Muitos de nós crêem, porque assim foram ensinados, que Jesus virá buscar a Igreja para morar com ele no céu para todo o sempre.
Não se preocupe, não vou negar o arrebatamento da Igreja nem as bodas do Cordeiro, mas eu gostaria de tecer alguns comentários sobre a doutrina da vida eterna no céu. Antes que venham os bombardeios, quero esclarecer que creio no arrebatamento da Igreja e creio também que Jesus vai levar a Igreja para o céu. Mas a questão aqui é: por quanto tempo?
Confesso que não acho fácil abordar um assunto escatológico e delicado como este em poucas palavras, mas farei o possível para esclarecer sem me extender muito.
Existem duas linhas de pensamento escatológico, e acredito que devem ser mencionadas aqui: o amilenismo e o milenismo. O divisor de águas entre as duas linhas escatológicas é a diferença de interpretação acerca do milênio. O milênio a que me refiro aqui é o período de mil anos do reino de Cristo sobre a terra mencionado em Ap 20.
Os amilenistas acreditam que não haverá um tempo literal de mil anos no reino de Cristo, mas que os "mil anos" sejam um período indefinido desde a fundação da igreja primitiva até o arrebatamento da Igreja. Neste caso, o termo "mil anos" toma emprestada a figura semítica de linguagem que conhecemos como hebraísmo para designar um longo e indefinido período de tempo em que Cristo reinará sobre a humanidade, conduzindo-a ao dia do Juízo, onde serão separados os salvos e os ímpios para o fim merecido por ambas as partes. Como a Bíblia é claríssima em relação ao início do milênio somente após a vitória de Cristo sobre o anticristo, fica difícil concordar com o amilenismo.
Os milenistas formam uma escola mais complexa e podem ser classificados como pré-tribulacionistas, meso-tribulacionistas e pós-tribulacionistas. As três classes de milenistas crêem que haverá um período de mil anos literais onde os salvos reinarão com Cristo sobre a terra, enquanto Satanás estará amarrado e o anticristo derrotado. As diferenças entre as classes milenistas são as seguintes:

Os milenistas pré-tribulacionistas crêem que o Senhor virá arrebatar a Igreja antes da do período da Tribulação, evitando que a Igreja se submeta ao domínio do anticristo e livrando os salvos da ira de Deus (Mt 3:7; Lc 3:7; Jo 3:36; 1 Ts 1:10; 2 Ts 2:7). Esta classe milenista é composta por uma notável maioria entre os evangélicos.
Os milenistas meso-tribulacionistas dizem que a Igreja viverá a primeira fase da Tribulação e será experimentada durante a falsa paz que se extenderá durante três anos e meio, metade do governo do anticristo, mas quando o iníquo se revelar e vier maltratar os salvos, acontecerá o arrebatamento antes que se inicie a Grande Tribulação (segunda fase do governo do anticristo, composta por mais três anos e meio).
Os pós-tribulacionistas afirmam que a Igreja passará pela Tribulação e pela Grande Tribulação, será perseguida e sofrerá até a derrota do anticristo, quando então Cristo virá arrebatá-la.

Embora eu tenha minha convicção pessoal entre uma destas três classes milenistas, não pretendo aqui dar razão a nenhuma das três, pois isto exigiria um artigo específico para apontar qual destas honraria melhor o ensino bíblico.
O que quero realmente dizer aqui é que ao adotarmos a doutrina do milênio literal estamos automaticamente aceitando que o reino de Cristo será terreno durante mil anos. Caso os pré-tribulacionistas estejam com a razão, haverá júbilo para a Igreja no céu durante sete anos. Se os meso-tribulacionistas estiverem certos, três anos e meio. Se os pós-tribulacionistas estiverem certos, não haverá ida ao céu para Igreja.
A única conclusão que podemos chegar é que os salvos reinarão com Cristo no milênio (Ap 20:6) e terão vida eterna se subsistirem ao Juízo Final (que só acontecerá no final do milênio, Ap 20:7-11) na Nova Jerusalém que descerá de Deus (Ap 21:1). E a vida eterna nos céus? Se a Bíblia ensina que a Igreja será arrebatada a encontrar o Senhor nos ares, e que depois da Grande Tribulação será instituído o reino milenar de Cristo e dos salvos sobre a terra, como poderemos crer numa vida eterna nos céus?

Deixe registrada aqui sua preferência por uma das classes milenistas ou pelo amilenismo. Comente respeitosamente e exponha seus argumentos usando referências bíblicas. Sinta-se à vontade.

Paz a todos, por Cristo Jesus que nos arrebatará para Si, e onde Ele estiver estaremos nós também!
Marcelo Reis.

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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Primeiro Aniversário do Blog Verbo Eterno

No mês de setembro, o Blog Verbo Eterno está completando seu primeiro aniversário. Graças a Deus que tem me alegrado em alcançar as vidas que foram edificadas neste espaço, e graças a vocês leitores e comentaristas que têm me dado força neste trabalho, me estimulando a continuar escrevendo.
Não foram poucas as tempestades que enfrentei na vida pessoal por estar levando o Evangelho através deste humilde espaço, mas cada mensagem de agradecimento, cada e-mail, cada coração alcançado, juntos me fizeram ver os desafios que se levantaram como se fossem nada mais que os meios pelos quais o Senhor me fez crescer em graça trabalhando ao lado de vocês.
Pude também, em cada artigo, entregar a Deus o meu louvor e a minha adoração, pois empenhei todas as minhas forças no propósito de entregar a vocês artigos pautados na Palavra de Deus com coerência e equilíbrio para a glória do nome dele.

A todos os amigos do Blog Verbo Eterno o meu muito obrigado! Que Deus continue tocando suas vidas com misericórdias sem fim, e fazendo deste blog uma bênção para cada um.
Para a glória de Deus,
Marcelo Reis.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Línguas Estranhas - Evidência Primaz do Batismo no Espírito Santo?

Cem anos de pentecostalismo no Brasil, e ainda percebemos uma imaturidade generalizada em relação aos dons espirituais na igreja, principalmente no que diz respeito ao falar noutras línguas.
São maioria entre os evangélicos pentecostais os que acreditam ser esta a característica imprescindível para alguém dizer que é batizado com o Espírito Santo. Embora a Bíblia diga que o dom de línguas não é soberano entre os demais (1 Cor 14:1-40), a glossolalia ganhou primazia em absolutamente todas as igrejas pentecostais como a evidência do batismo no Espírito Santo.
Há crentes que busquem o dom de línguas durante toda a vida, muitas vezes inutilmente, enquanto a igreja carece dos demais dons espirituais como cura, profecia, ciência (meu Deus, como falta ciência!) e até mesmo a interpretação das línguas, entre outros dons. Alguns chegam ao absurdo de confundir o dom de línguas com o selo da Promessa do Espírito Santo que é dado a todo aquele que ouviu e creu no Evangelho (Ef 1:13; 4:30). Esta confusão acaba levando muitas pessoas a acreditar que se não falarem línguas estranhas não estarão de acordo com a Palavra, e para piorar, outras crêem que os não selados (entenda-se "que não falam línguas") não serão salvos.
A base insólida deste tipo de crença é alicerçada no perigoso hábito de entender uma narrativa como se fosse um ensinamento. O livro dos Atos conta algumas histórias do batismo no Espírito Santo seguido da glossolalia (At 2:4; 19:6), mas isto não é uma receita para se reconhecer crentes batizados no Espírito Santo, é uma narrativa de crentes cheios do Espírito Santo E QUE falaram línguas estranhas.
A maioria dos pentecostais, no afã de carregar "a marca" do pentecostalismo, se esquecem de observar a raiz e a funcionalidade (que é edificar somente quem fala - 1 Cor 14:4) do dom de línguas, além de compará-lo com a imensa variedade de dons disponíveis no "celeiro" do Bom Pastor.
Em 1 Cor 12:1-31 o apóstolo Paulo trata deste assunto pedindo aos coríntios que não sejam ignorantes (v.1) e entendam que como membros que são do corpo de Cristo, cada um tem sua função, cada um exercerá um dom diferente do outro segundo a operação do Espírito de Deus. No v.30 ele faz a pergunta-chave do assunto: "Todos curam? Todos falam diversas línguas? Todos interpretam?", respondida nos vv. 8-11: "Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um COMO QUER."
No capítulo 14 fica claríssima a intenção de Paulo em enfatizar que o dom de línguas não é o mais importante dos dons espirituais. Ele quer que os crentes de Corinto busquem este dom, mas que priorizem o dom da profecia, embora não esteja também promovendo a profecia como selo do batismo no Espírito.
Existem prioridades na vida cristã para que depois se manifestem os dons espirituais, e as encontramos na galeria dos frutos do Espírito em Gl 5:22: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.
O Espírito de Deus não traz confusão, pois Deus é Deus de ordem. É, no mínimo, incoerente uma pessoa sem amor, alegria, paz e mansidão ser cheia do Espírito Santo e dos seus dons. Infelizmente não é a realidade que vemos imperar no meio pentecostal.
Estou cansado de ver pais de família que educam os filhos aos berros, são o terror da vida da esposa, são uma verdadeira ameaça à paz, mas quando vão à igreja se transformam em santos faladores de língua estranha (isso sim é um mistério!). Não tenho medo de dizer que este espírito aí não é o Espírito Santo!
Ademais, não sou capaz de crer com base no que leio nas Escrituras que os outros dons espirituais não constituam o batismo no Espírito Santo. Tampouco creio que nós, que somos batizados no Espírito, sejamos mais nobres que os que ainda não o são, pois a quem mais é dado, mais é cobrado.
Passou da hora de crescermos no conhecimento e passarmos a refletir se o Espírito Santo que produz domínio próprio (Gl 5:22, sig. tb. temperança) é o mesmo que causa o desequilibrado reteté.
Sou pentecostal, falo línguas estranhas quando o Espírito concede que eu fale, mas minha maior alegria é estar selado para o dia da redenção, pois cri na pregação do Evangelho, e meu nome está escrito no livro da vida.

Em Cristo Jesus,
Marcelo Reis.


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