quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Idolatria Gospel


Até bem pouco tempo, os crentes negavam todo tipo de objeto de culto que pudesse desviar a fé do verdadeiro alvo, que é Deus. Reformadores como Martinho Lutero, Calvino, Zuinglio e John Wycliffe protestaram de forma impetuosa  contra as imagens de escultura e os objetos religiosos que usurpassem algum poder espiritual.
         Quase quinhentos anos após a reforma, algumas igrejas ditas protestantes parecem retroceder no propósito e estão instaurando a idolatria gospel. É inacreditável a quantidade de pessoas apegadas a rosa ungida, lenço ungido, travesseiro ungido, chave ungida, aliança ungida, potinhos contendo água e terra de Israel, e outras bizarrices que nem o romanismo tem coragem mais de falar que tem poder.
         Sem contar a linhagem espírita-evangélica que faz cerimônias sobre o sal grosso, ultraje a rigor branco tipo pai-de-santo, sessão de descarrego e entrevistas com o demônio. O que é isso, crente? Os menos esquisitos agora passaram a usar uma réplica da Arca da Aliança em seus altares, como se fosse necessário hoje alguma coisa tipificar a presença de Deus na igreja. Se não bastasse, alguns chegam a ajoelhar-se diante da imagem da arca para orar. Idolatria oficializada, mas não confessada, assim como no catolicismo.

Nem mesmo a imagem de Jesus escapa dos neoprotestantes, veja na figura ao lado uma renomada cantora evangélica orando prostrada diante da imagem, em vez de estar Diante do Trono.
Eu não me conformo em ver os grandes exemplos da igreja de hoje dando um exemplo como este. Me preocupo em imaginar em que tipo de igreja meu filho vai congregar daqui a alguns anos.
É preciso ter cuidado, e neste cuidado analisar a cada dia nas Escrituras se o que estamos ouvindo é realmente a Palavra de Deus ou apenas mais um vento de doutrina que sopra daqui pra ali.

Marcelo Reis.

O Evangelho da Barganha

  O século XXI tem se mostrado a era do cristianismo mercadológico. Tem evangelho ao gosto do freguês; se você não gostar do que tem aprendido em sua igreja, basta atravessar a rua ou virar a esquina que tem uma igreja nova, com uma doutrina diferente e fresquinha esperando por você.
            Grandes pregadores (grandes?!) confabularam atos proféticos, frases “poderosas”, determinismos, e um tal de “eu não aceito”, e com isso tem arrastado multidões para as veredas da barganha. Digo barganha porque este é o nome mais adequado para o que estão fazendo diante do Deus Eterno e imutável.
            Fizeram da Bíblia Sagrada uma fonte de presságios, onde palavras de auto-ajuda são para os bons (leia-se mãos abertas) e as maldições são para os avarentos.
            Neste novo “evangelho”, você não precisa mais passar por privações financeiras, basta “amarrar” (e depois de amarrar fazer sei lá o quê). Não é mais necessário esperar o tempo de Deus chegar, é só determinar a bênção que ela vem. Criaram um monte de frases “tremendas”, e apregoaram na mente dos crentes que “as nossas palavras têm poder” (uhulll, Jeová que se cuide!).
            Este evangelho, sem nenhuma dúvida, está enquadrado entre aqueles que Paulo advertiu: “Há alguns que vos inquietam e querem perverter o evangelho de Cristo. Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja amaldiçoado. (Gl 1:7,8)
            Irmãos, todos nós sabemos que o Senhor é grande e poderoso para fazer todo o bem que Lhe apraz, assim como sabemos que há tempo para todas as coisas, inclusive para sorrir e para chorar (Ec 3:4). Há tempos em que o Senhor nos alegra e tempos em que Ele nos aflige. O verdadeiro cristão está à mercê de Deus, para que se execute nele a vontade do Pai.
            O autor do salmo 119 considera bom ter sido afligido por Deus: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” (Sl 119:71)
            De igual modo, Paulo nos dá exemplo do evangelho que vivia: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Filipenses 4:12.
            Por que o novo “evangelho da barganha” consegue levar tanta gente após si em suas campanhas regadas a muita oferta e tantas promessas? Vamos levantar um clamor, e fazer ouvir a nossa voz em oração, para que o Brasil retorne à simplicidade do Evangelho Cristocêntrico.
            De nada adianta declarar que o Brasil é do Senhor Jesus, enquanto prega-se por aqui o Evangelho de Mamom, o deus das riquezas.

            Oremos, e cuidemos de amar o Senhor acima de tudo, acima de nós.
            Paz e bem, em Cristo Jesus.
            Marcelo Reis.

domingo, 19 de setembro de 2010

Salvação: Por Fé ou Por Obras?

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Ef. 2:8,9)
A Graça de Deus é um caminho que não pode ser alcançado por merecimento humano. Aliás, a própria definição de “graça” é “favor imerecido”, “dado sem preço”. Não que nenhum preço tivesse de ser pago, mas Aquele que pagou por nós o preço não devia nada a ninguém.
Foi necessário que um inocente pagasse pelos pecadores, um Cordeiro Santo, o Filho do Deus Eterno entregou-Se por nós para perdão dos nossos pecados. Não há nenhum caminho que nos leve à presença de Deus fora de Jesus Cristo. Nenhuma boa obra, nenhum sacrifício, nenhum ser. O único meio para alcançar a salvação é crer no Senhor Jesus e recebê-lo como único e suficiente Salvador.
Mas o que fazer depois de crer? Depois de aceitá-lo? É importante não ver os “feitos” resultados da conversão como meios para salvação. As boas obras que testemunham sobre nossa fé, apenas são boas porque somos salvos, e não por supostamente terem algum poder salvífico. É importante observar que antes de Cristo nos salvar estávamos mortos em ofensas e pecados (Ef 2:1), e foi Ele quem nos fez passar das trevas para a luz. A salvação já é algo real na vida do verdadeiro cristão, e não algo a ser conquistado segundo seus próprois méritos através das obras.
Ao longo dos séculos, os cristãos passaram a ver novos elementos em torno do tema da salvação. Alguns termos como “sacramento”, “indulgência” e “regeneração batismal” passaram a ostentar a postura de “pilares da salvação”, contudo, sua estrutura não suporta uma rasa análise escriturística. Um único e básico exemplo disso está no relato sobre o ladrão na cruz, ao lado de Jesus. Aquele homem não se submeteu a qualquer sacramento, nada pagou pelo perdão de seus pecados, nem teve a oportunidade de ser batizado, mesmo assim Jesus lhe disse: “Estarás comigo no Paraíso”.
Não quero, porém, que este artigo lhe faça pensar que poderá viver praticando más obras, desviando-se da presença do Senhor, acreditando que não lhe custará a salvação. É essencial para o cristão apresentar os frutos do Espírito, sabendo que quem os apresenta não cumpre os desejos da carne (Gl 5:16). As boas obras testemunham sobre sua fé, demonstrando que ela continua viva, pois a fé sem as obras é morta (Tg 2:26). Lembre-se de que a união entre fé e obras não consiste apenas naquilo que não deve ser feito, como muitos pensam, mas também naquilo que se deve fazer. Anunciar o evangelho, alimentar os famintos, auxiliar os necessitados e jamais deixar de exercer o amor. Estas são as obras dos salvos. Seus frutos são: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22).
            Vamos prosseguir certos de que Cristo nos salvou por Sua Graça, quando não merecíamos. Hoje, vivemos por Sua Graça e, se merecemos alguma coisa de Deus, só merecemos por intermédio do sangue de Jesus que nos justificou pela fé. Vivamos, então, a maravilhosa Graça de Deus, revelada em Jesus Cristo, porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho Unigênito para que todo aquele nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).

Marcelo Reis

sábado, 11 de setembro de 2010

Obsessão Religiosa


Nada pode se comparar à grandiosidade da Obra consumada na cruz do monte Calvário. A exigência de santidade feita ao homem jamais pôde ser satisfeita até que Jesus cumprisse toda a justiça nos tirando do banco dos réus através do Seu sangue.
Ele deu-nos em Si mesmo a liberdade e o direito de sermos chamados filhos de Deus, e não só o sermos chamados, mas o sermos amados pelo Pai como filhos que desfrutam da plenitude do Seu Amor.
De um jeito tão simples, Deus amou tanto as pessoas deste mundo que entregou seu Filho Unigênito para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). O Evangelho é tão simples, e o caminho do céu tão acessível, que mesmo os loucos o encontrarão(Is 35:8), mas nem todo mundo pensa assim.
Sempre vivi em igrejas muito apegadas a usos e costumes, e em parte louvo a Deus por isso. Sei que em alguns aspectos os usos e costumes colaboram de forma positiva para o bem do povo de Deus, desde que adotados com sobriedade e não sejam promovidos ao status de doutrina. Vivendo e convivendo, pude conhecer alguns irmãos e obreiros que vêem demônio em tudo: rádios, TV’s, computadores, cortes de cabelo, esportes e tantas outras coisas. É inconcebível a forma com que o povo de Deus abriu mão de algumas coisas lindas da criação de Deus pelo simples fato de os ímpios estarem utilizando para fins indevidos, como por exemplo, o mar utilizado por banhistas seminus e/ou devotos de Iemanjá não poder ser utilizado por sérios cristãos que saibam proceder de forma decente e coerente com seu estilo de vida.
Televisão não pode, é do diabo” – dizem alguns. Não entendo como pode ser do diabo, se foi você quem comprou e pagou. Precisamos entender mesmo é o que devemos e o que não devemos ver na televisão. Se o fato de termos de evitar a televisão por ter conteúdos ilícitos, deveríamos também evitar os carros, pois também nos levam a lugares ilícitos de acordo com as nossas escolhas. É como uma faca, com ela você pode cortar um tomate ou matar uma pessoa.
“Internet é o carro do capeta” – na verdade o carro é seu, mas dá carona pro capiroto se você quiser, indo onde com ele onde ele sempre está. Desde que usada com o temor ao Senhor, a internet é uma grande bênção no acesso ao estudo da Palavra e na disponibilidade de material para edificação (como este).
“A irmã Beltrana está parecendo a Jezabel” (isto porque a roupa não cobre tornozelos, antebraços e pescoço, e talvez porque haja sinal de algum tipo de maquiagem)de duas uma: ou a pessoa que disse isso conheceu pessoalmente a figura de Jezabel ou conheceu a costureira que fazia as roupas dela. Irmãos, tudo o que precisamos vestir é a decência e a modéstia. Concordo que os usos e costumes adotados pela igreja que você freqüenta devem ser observados com submissão, mas comparar alguém que fugiu um pouco à regra com a mulher que desviou quase toda uma nação já é um tanto exagerado.
Sem contar os terrores psicológicos que alguns pregadores causam nos crentes mais simples, como: “Se você não obedecer, Deus vai te fulminar”, “O anjo destruidor vai te visitar”, ou “Deus vai pesar a mão”, e ainda “Espere Deus tratar com você”. O que é isso, meus irmãos? Tudo o que é realmente necessário impor à igreja está em Atos 15:28,29:
Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá.Um conselho de nosso velho amigo Paulo:
“Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não uses, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Colossenses 2:20-23.
O que eu disse aqui não implica em viver uma vida sem regras e sem obedecer as autoridades constituídas por Deus na Igreja, mas em não transformarmos nossas vidas, compradas por Jesus por um bom e alto preço, em marionetes alienadas a fazer por onde “merecer” o Reino de Deus. Estejamos livres na Verdade. A Palavra de Deus é a Verdade. Consideremos que nossas boas obras são os frutos da salvação adquirida em Jesus, e não o contrário.
Paz a todos, em Jesus Cristo, nosso Senhor. 
Marcelo Reis.

$uper Pregador!

Há aproximadamente quatro anos, acompanhei de perto um evento promovido por um amigo meu. Ele havia contatado a produção de um super-pregador, cujas iniciais são MF, para avaliar a possibilidade de trazê-lo a nossa cidade. Feitas as considerações (o “cahê” do pregador custava R$ 5.000,00), concluiu que não poderia ser realizado na igreja, afinal o custo era muito alto. Resolveu então promover o evento fechado, cobrando dez reais por pessoa.
         Eu mesmo, ansioso por ouvir a pregação, paguei dez reais por mim, dez pela minha esposa e fomos ao clube onde o evento foi realizado. Havia 1.200 lugares ocupados (ops! R$ 12.000,00 em caixa!) e o público já sentia que “havia uma unção especial naquele lugar” bem antes de o pregador chegar.
         Demorou um pouco para o pastor aparecer depois que soubemos que ele havia chegado. A princípio, imaginei que estivessem acertando o pagamento antes de ele se apresentar, mas eu estava enganado. O pagamento já havia sido feito dias atrás, para garantir a vinda do super-pregador.
         Gostei muito da mensagem que ouvi, pois tinha um excelente conteúdo. A única coisa que realmente me incomodou foi que no final da pregação, o apelo foi diferente dos que eu estou acostumado a ouvir nos cultos que freqüento. Em vez de apelar aos pecadores para que aceitassem a Jesus, o apelo foi feito aos crentes que têm dificuldades financeiras, causas na justiça ou coisas deste tipo a demonstrarem sua fé. A proposta era que os irmãos ofertassem o maior valor que conseguissem, pois Deus cuidaria de multiplicar e devolver a eles (?!). Depois de um cachê de R$ 5.000,000 embolsado, o apelo garantiu mais quase R$ 6.000,00 em ofertas. Continuei assistindo tudo até ver a ingenuidade daquele povo ser enxugada pelo último apelo. Depois de quase trinta minutos contando as dificuldades que tem para sustentar seu ministério, MF solicita dentre o público doze pessoas a quem ele denominou “os valentes” para que cada um desse uma oferta de sacrifício no valor simbólico (simbólico???) de R$ 1.000,00. Quando ouvi aquilo, baixei minha cabeça, dei uma risadinha comigo mesmo e pensei: “Ele está pensando que aqui tem algum bobo que vai dar mais R$1.000,00?” – e o pior é que tinha! Aliás, tinha mais de doze. No final do evento, o “ungido” havia embolsado R$ 23.000,00 mais o valor adquirido com vendas de livros, CD’s, DVD’s e camisetas com sua logomarca efetuadas sob todas as bandeiras de cartões de crédito, cheques pré-datados e dinheiro vivo.
         Irmãos, onde vamos parar com esse tipo de fé? Que deus é esse que exige tudo o que você tem em troca de um milagre ou uma bênção? Vamos acordar e comparar esse tipo de pregador com os que vemos na Bíblia; comparar seu prêmio ao prêmio proposto nas Escrituras e, acima de tudo, orar a Deus para que nos abra o entendimento e nos torne adultos quanto ao procedimento na vida cristã.
         Em cristo, Graça e Paz do Senhor!

Marcelo Reis

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Irmão do Filho Pródigo

Um dia Jesus contou uma parábola, dizendo que certo homem tinha dois filhos. O mais jovem deles decidiu sair de casa, pediu sua parte da herança e partiu. Na terra para onde ele foi, gastou tudo o que tinha vivendo de forma imoral até chegar o ponto de não ter mais o que comer. Ainda lhe restava a saúde, da qual se serviu para trabalhar cuidando de porcos. Olhando para os porcos, percebeu que sua situação era pior do que a deles, pois eles ao menos tinham o que comer – ele não. Lembrou-se então dos dias em que vivia na casa de seu pai, onde nunca tivera necessidade de coisa alguma. Desejou ser como um dos empregados de seu pai e, humildemente levantou-se disposto a procurar seu pai e confessar que tinha feito tudo errado.
Quando voltou para casa, esperando ser recebido como um empregado, seu pai saiu para lhe receber com muito amor, antes mesmo de ouvir a confissão. Mandou que lhe trouxessem roupas novas e mandou matar o melhor bezerro para comemorar a volta do filho.
Mas lá morava também o irmão do filho pródigo...
Sabe aquele irmão que vive confessando o pecado dos outros? Era ele.
A casa estava em festa quando o irmão chegou e ouviu o som da música e das danças. Chamou um dos criados para perguntar o que era aquilo e soube que seu irmão acabava de voltar para casa. Se vivesse uma vida com Deus, se alegraria por mais um pecador que se arrependeu, mas não era o caso. Ele preferiu ficar do lado de fora a ver seu irmão “pecador” ser recebido com alegria.
Quando seu pai o procurou, perguntando o motivo da tristeza, ele respondeu: “Sempre estive com o senhor, e nunca ganhei um bezerro para me alegrar com meus amigos, mas este teu filho [veja que ele não diz ‘meu irmão’] saiu de casa e gastou sua parte da herança com prostitutas e ganhou o melhor bezerro!”
Muitas vezes, a maior dificuldade na vida de alguém que se afastou da casa do Pai é reencontrar o irmão mais velho, que nunca saiu de casa. A sensação de inferioridade é algo que já foi plantado em seu coração. Não permita que o inimigo use sua vida para tornar as coisas ainda mais difíceis do que já são. Faça festa você também, pois há grande festa no céu por um pecador que se arrepende!
Não seja o irmão do filho que foi... O irmão do filho pródigo.
Seja o irmão do filho que voltou. Estenda suas mãos e caminhe com ele, pois quando você ainda estava em pecado alguém fez isso por você: Jesus.

Marcelo Reis

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Pretensa Queda de Satanás


É impressionante como alguns dogmas andam por aí vestidos como verdades bíblicas. Alguns chegam a ultrapassar séculos sem serem questionados seriamente. Outros deles são ensinados abertamente em nossos púlpitos, aceitos incondicionalmente por crentes dedicados ao estudo da Palavra de Deus.
Neste texto quero tratar especificamente de um assunto antigo, que embora muitos acreditem, não encontra base bíblica sólida em versículo algum. É o falacioso ensino da queda de Satanás.
         Quando eu era menino, não fazia idéia de quantas vezes ouvira alguém ensinar na igreja que Lúcifer havia sido o maior e mais dedicado anjo a serviço de Deus. Segundo a crença, ele era o regente do coro e da orquestra celeste, superando em qualidade todo tipo de talento encontrado nos céus. Conta-se que, num determinado momento, Lúcifer ousou mostrar-se grande e insubordinado a Deus, promovendo uma sedição entre os anjos e convencendo um terço deles a segui-lo em vez de continuar sob a autoridade de Deus. De acordo com o conto, a rebelião foi descoberta e Lúcifer foi expulso do céu junto com os anjos que o seguiram, representando a partir daí a personificação do mal.
         Não podemos descobrir onde exatamente nasceu esse ensino, mas tenho certeza de que não foi nas Escrituras Sagradas. O nome Lúcifer não é mencionado nem uma única vez na Bíblia, a não ser em casos como na tradução da Vulgata Latina – texto base para tradução das Bíblias Católicas – que em vez de traduzir lux fero como “portador da luz”, faz uma transliteração para Lúcifer em Isaías 14:12. A versão em inglês King James traz o nome Lúcifer acompanhado de nota (O Lucifer; or, O day star – Ó estrela da manhã). Mas não podemos fazer vista grossa para o contexto de Isaías 14:12. O texto é uma zombaria ao rei de Babilônia e não a Satanás. Os versículos 13 e 14 são os que mais causam a falsa impressão de apoio bíblico para a lenda: “Você que dizia no seu coração: Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo". Como todo governante grego, persa ou romano, o rei de Babilônia acreditava que seria um deus quando atingisse o ponto máximo do poder. O que não deve ser feito neste caso é torcer a interpretação do texto a ponto de obriga-lo a dizer que quem disse isso foi Satanás.
         Outro texto usado largamente para apoiar o ensino é Ezequiel 28:1-19, que também é uma profecia contra um governante, desta vez o governante de Tiro (recomendo a leitura do texto). Uma leitura rasa destes versículos mostrará que o texto se refere ao príncipe de Tiro, um homem (v.2) e não um espírito como Satanás. Em coincidência com os versículos 13 e 14 de Isaías 14, os mesmos versículos do capítulo em questão parecem conter uma referência ao ensino: “Você estava no Éden, no jardim de Deus; (...)Você foi ungido como um querubim guardião, pois para isso eu o determinei. Você estava no monte santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes.” Esta é outra glória que Satanás nunca teve. O guardião que Deus escolheu para o jardim do Éden foi o homem que Ele criara: “Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gênesis 2:15)
         Jesus diz em João 8:44 que o diabo foi homicida desde o princípio, não que ele era bonzinho.
         Isso envolve toda uma problemática:
a)     Todo pecado é precedido de tentação. Se a Bíblia diz que Deus a ninguém tenta e de ninguém é tentado (Tiago 1:13), quem teria tentado Satanás para que pecasse?
b)     Se alguém tentou Satanás, e esse alguém não era Deus, então havia um outro tentador antes de Satanás.
c)     Desconsiderando a hipótese de haver um outro tentador, Satanás sozinho maquinou o mal em seu coração, logo ele é criador do pecado. Isso o constituiria criador do mal, destituindo Deus da condição de Criador de todas as coisas.

Até o exílio babilônico, os judeus desconheciam alguém em quem estivesse personificado o mal. Tanto o bem quanto o mal era atribuído ao Senhor. Um exemplo claro disso é a narração do censo em Israel e Judá durante o reinado de Davi. O evento é narrado duas vezes na Bíblia, sendo uma narrada antes do exílio e outra depois. Em 2 Samuel 24:1 (antes do cativeiro) a Bíblia diz que O SENHOR irou-se contra Israel e incitou-o a numerar o povo. Em 1 Cronicas 21:1 (depois do cativeiro) é declarado que Satanás levantou-se contra Israel e levou Davi a fazer um recenseamento do povo. Isso não é uma contradição, é uma consideração. Antes do exílio, Israel jamais ouvira falar de Satanás. O primeiro contato dos judeus com Satanás é na narrativa de Jó, escrita por um judeu anônimo afim de fortalecer a fé dos judeus durante o cativeiro.
     Cativos em Babilônia, os judeus tiveram contato com o Zoroastrismo, religião dualista oficial no império babilônio e persa. O Zoroastrismo cria no deus Ahura Mazda (considerado o criador dos mundos) e em seu inimigo Ahrimã (a personificação do mal). O conceito de inimigo esposado em Ahrimã deu aos judeus a inspiração do nome Shatan (Satan ou Satanás), que signigica inimigo, opositor ou adversário. A carinha de ex-bonzinho quem deu a Satanás foram nossos antepassados.
     Pode parecer estranho eu gastar meu tempo aqui contestando a “boa origem” de Satanás, mas acho mais que contundente. O que eu realmente acho estranho é meus conservos da fé aceitarem que uma criatura do Deus Eterno foi capaz de afrontá-Lo, dividir o Reino e escapar impune. Não é nisto que creio. Eu acredito que o nosso Deus é um Deus tão santo que não se contaminaria administrando o pecado, por isso criou Satanás e o designou a isto.

         Que a graça do Senhor Jesus seja com todos!
         Marcelo Reis.


***************************
Você poderá se interessar também por:
Inferno: Que Lugar é Esse?
O Dízimo e o Cristão 
O Pecado Para a Morte
Quando a Vaidade se Torna Pecado?

domingo, 5 de setembro de 2010

A Dívida Paga na Cruz

A única exigência feita a Ele era pagar o preço que não podíamos pagar.
Tudo o que Ele deveria fazer era morrer em nosso lugar, carregando as nossas dores e nos livrando do tão pesado fardo atado às nossas costas. Não lhe fora pedido que sofresse durante toda uma noite padecendo fome e sede, e não parecia necessário carregar uma cruz tão pesada, tudo o que Ele precisava fazer era morrer. Nossas culpas diante de Deus exigiam um alto preço, mas Seu sangue puro era o suficiente para nos reconciliar com o Pai.
         No começo era só um garoto, um jovem carpinteiro dedicado ao trabalho com o homem que Deus separou para lhe ser como pai. Ele tinha um jeito especial de falar, seu olhar penetrava tão profundamente os corações que, ao conhecê-lo, não dava mais pra ficar sem lhe dar atenção.
         Mais tarde, quando já não era mais nenhum garoto, Ele começa o trabalho que O motivou a ser como um de nós. João estava batizando no rio Jordão, quando Jesus foi procurá-lo para receber seu batismo. Não era mais aquele jovem carpinteiro conhecido como o filho de José, naquele momento era revelado aos homens que Jesus de Nazaré é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
         Durante três anos e meio Ele viu de perto as coisas que angustiam os homens. Suas mãos curavam cegos, aleijados, ressuscitavam mortos e expulsavam demônios. De cinco pães e dois peixes fez uma grande refeição que alimentou mais de cinco mil pessoas. Ele conheceu o que é perder alguém querido. Submeteu-se à condição humana, e mesmo sendo Deus não teve a pretensão de viver como Deus, em vez disso, esvaziou-se de todo o Seu poder e fez-se um pouco menor que os anjos – um homem.
         Jesus vivia no meio de um povo que não conhecia a misericórdia, que estava acostumado a ver Deus cobrar o sangue das nações que se levantavam contra o Seu povo, e mesmo no meio deste povo quem cometesse algum pecado grave lhe era cobrada a vida. A vida humana de Jesus veio nos revelar um lado ainda desconhecido de Deus. Na pessoa de Jesus conhecemos o Deus que chora, sente dores e saudades, o Deus que restaura o coração ferido e que tira o homem pecador dum lamaçal de pecados para colocá-lo num lugar alto.
         Ele viu de um novo ângulo as aflições que levam o homem a chorar, se desesperar e muitas vezes desistir da caminhada. Em sua presciência, sabia de tudo o que Lhe estava reservado e em algum momento da eternidade Ele decidiu vencer tudo por cada um de nós.
         A culpa era nossa, o pecado era seu e meu. O castigo que nos estava reservado foi anulado porque Jesus comprou a nossa dívida, e toda nota que nos tornava devedores foi cravada naquela cruz que o Senhor carregou por nossa causa!
         O profeta Isaías predisse este evento da seguinte forma:

Ele cresceu diante do SENHOR como um broto tenro, e como uma raiz saída de uma terra seca. Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos. Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristeza e familiarizado com o sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima. Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.” Isaías 53:2-5

        
         Seu corpo já não tinha mais a mesma força, afinal foram doze horas sem comer e sem beber... Uma noite toda de castigo e zombarias... O azorrague* havia mutilado sua pele enquanto era açoitado pelo soldado romano. As feridas feitas no castigo ainda ardiam quando ele foi levado ao Calvário.
         A cruz não era dele. O criminoso Barrabás, era muito maior. Para que Jesus fosse pregado na cruz feita para Barrabás foi necessário esticar o Seu corpo cansado até que as mãos se encaixassem no lugar preparado para os cravos.
Lá estava o Senhor sofrendo na cruz. Não foi fácil como alguns julgam. Ele era Deus naquele momento, mas em condição humana sentiu a mesma dor que você sentiria em seu lugar. Por causa dos nossos pecados Ele foi abandonado naquela cruz. Suas mãos que operaram tantos milagres e se estenderam a tantos, estavam lá estendidas mais uma vez por mim e por você, mas desta vez traspassadas por enormes cravos que o prendiam no madeiro...
         Já faz tanto tempo, mas parece que ainda podemos sentir o cheiro do madeiro lavrado, parece que ainda podemos tocar a cruz com as mãos e ouvir a voz do Mestre gritando: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
         Eu quero lhe dizer, meu amigo leitor, que esta sensação não é mera coincidência. O sacrifício que Jesus fez em seu lugar é um sacrifício eterno e tão eficaz que se você se arrepender hoje dos seus pecados, ainda há poder de salvação neste sangue pra lavar os seus pecados e transformar a sua vida! Jesus sentiu o abandono do Pai por carregar os seus pecados, tudo isso pra que você não seja abandonado por Deus em momento algum da sua vida. Ele venceu o inferno e a morte para que não tivessem poder sobre você.
         Se esta mensagem tocou o seu coração, se você pôde sentir o Espírito Santo lhe convidando a aceitar a Cristo como o Senhor da sua vida, faça isso agora. Entregue-se ao Senhor e desfrute destas tão grandes bênçãos que Jesus conquistou por você.
         Que Deus o abençoe em nome de Jesus.
         Marcelo Reis.

*azorrague: chicote de várias pontas feito de couro ou corda, osso e metal cortante nas pontas, usado para executar punição em criminosos sob a jurisdição romana.

sábado, 4 de setembro de 2010

De Volta ao Primeiro Amor

Quem consegue esquecer o início da caminhada na fé? Aquele sentimento maravilhoso de que nada mais no mundo importa além do amor de Jesus, a experiência com o Espírito Santo e a presença de Deus na vida quotidiana... Quem é capaz de explicar?
Sempre que alguém tem uma experiência verdadeira com a pessoa do Senhor Jesus, um primeiro encontro, real e pessoal, é levado a reconhecer que não há amor maior do que este! É tão incondicional, é tão maravilhoso! A grande verdade é que o nosso pequeno e egoísta coração não poderá jamais entender como pôde o Verbo Eterno de Deus se fazer como um de nós, sofrer por nós, carregar a nossa dor e tomar sobre Si todos os nossos pecados e enfermidades só por amor. Oh, Aleluia!
O primeiro encontro com esse tão grande amor, faz de qualquer novo convertido um verdadeiro apaixonado pelo Jesus que acaba de conhecer. Nosso grande problema mora justamente aqui. Em estar “apaixonado”. Não venho aqui fazer crítica às belas canções que declaram paixão por Jesus, este não é o meu alvo. O problema em estar apaixonado vai muito além do que pode parecer, afinal a paixão é um sentimento cego que limita a visão e destitui o indivíduo de sua capacidade de raciocinar.
O primeiro amor é tão grandioso e edificante que nos faz prestar atenção a todos os pequenos detalhes no culto, apreciando com carinho cada palavra, cada louvor, dando importância a cada testemunho contado na igreja. Faz jus a 1Cor 13, suportando tudo, crendo, esperando, sofrendo...
No início...
Mas o tempo não pára e acaba surgindo em nós uma certa vontade de "crescer". Acreditamos estar adquirindo maturidade e passamos a perceber que aquelas pessoas que tanto admirávamos não passam de pessoas comuns e falíveis. Aquela “aura mística” que tornava o corpo de obreiros num grupo de pessoas com um nível espiritual privilegiado acaba se desvanecendo, mostrando que na verdade somos todos iguais. Vivemos todos as mesmas paixões, estamos sujeitos aos mesmos pecados.
A essas alturas ver que a igreja onde congregamos está cheia de pessoas comuns e pequenas como nós, parece degenerar o valor do culto prestado a Deus naquele lugar. A Palavra viva que antes fazia inundar os olhos, e que tocava fundo no coração, agora parece não ter mais o mesmo calor simplesmente porque descobrimos que o pregador não foi capaz de criar os filhos na igreja ou porque num determinado dia o vimos agir de uma maneira diferente da que esperávamos... Acabamos por submeter a eficácia da mensagem da Palavra de Deus ao mérito do mensageiro. Isso é lamentável.
Provavelmente o Espírito Santo sinta saudades do tempo em que bastava alguém dedilhar um violão pra entrarmos em Sua presença adorando a Cristo com os olhos transbordando e o peito cheio de amor... Aqueles bons tempos quando os crentes sentavam-se e engrandeciam o nome do Senhor por simplesmente ser bom como Ele é.
Não deve ser fácil pra Jesus ver o Seu povo reunido numa grande e numerosa congregação quando apenas meia dúzia de crentes estão realmente O adorando... Enquanto isso, os outros mil crentes estão preocupados com qualquer outra coisa que não aponte para Deus. Alguns aproveitam o “encontro do povão de Deus” pra fazer negócios, marcar jantares, programar viagens, fofocar e o que é pior: observar atentamente o culto com o único objetivo de criticar alguém no final.
Mas a Bíblia tem uma palavra pra cada um de nós: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e pratica as primeiras obras.” Ap 2:5.
Ainda há tempo, e Jesus está à porta batendo gentilmente, pedindo para entrar. Vamos nos arrepender e voltar às primeiras obras, daquele primeiro amor com que amamos o Senhor.
O Senhor não mudou, e nunca mudará. O mesmo prazer que Ele tinha em nossa adoração, Ele continua tendo. Sua disposição em nos ouvir é infinita e Seus cuidados não nos desamparam jamais. Ele não muda nunca, nós é que mudamos o tempo todo!
Vamos voltar ao primeiro amor, voltar a dizer a Jesus o quanto Ele é importante, fazer dele o Amigo de todas as situações.
Você pode dizer que Jesus está incluído em todas as suas circuntâncias? Você tem se deixado à disposição dele para que ele faça o mesmo com você? Pense nisso.
Que a Graça de Deus seja sempre abundante sobre sua vida!
Em Cristo,
Marcelo Reis.

********************************
Você poderá se interessar também por: