segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Unção de Objetos à Luz da Bíblia

O Brasil é um país riquíssimo em diversidade. Se há diversidade cultural e étnica nesta vasta nação, imagine o que há nas variantes teológicas! Neste país acredita-se em tudo e para todo o tipo de ensinamento há seguidores.
Como igreja, é necessário termos a Bíblia sempre à frente das decisões, principalmente na escolha das práticas litúrgicas e diversas do dia-a-dia, pois a convivência com a cultura da diversidade pode nos levar continuamente a introduzir no culto cristão algumas práticas pagãs e antibíblicas.
Entre os muitos erros que deixamos de evitar está o mau uso do óleo da unção. Muitos crentes, na intenção de fazer a coisa certa acabam por dar ao óleo da unção funções estranhas às que ele realmente tem.
Sob uma interpretação equivocada de Ex 30:22-33 tomam a liberdade de usar o óleo para ungir objetos de uso pessoal, casa, carro, moto, bicicleta, portas, portais, mobília da casa e outros objetos inanimados. Para não incorrer neste erro é preciso ter consciência de que Ex 30:22-33 fala da manipulação de um óleo encomendado por Deus para ungir os utensílios do santuário de forma que estes fossem santificados e santificadores; tudo o que eles tocassem seriam santos. Ele serviria também para ungir Arão e seus descendentes que foram consagrados a Deus para o serviço sacerdotal no santuário. Os vv. 32-33 deixam claro que com ele não se ungiria a carne do homem comum, principalmente se este fosse um estranho, e que o povo estaria terminantemente proibido de compor um outro óleo semelhante a este ou usá-lo sobre um estranho, e isto sob pena de extirpação de entre o povo de Deus.
Este texto é demasiadamente claro quanto à diferença entre o óleo da unção que ungia os utensílios do santuário e este óleo que vemos hoje ungindo tudo o que se quer ungir.
Fora deste texto, não existe nenhuma referência bíblica sobre ungir objetos.
Além da inadequada unção de objetos de uso pessoal, ainda podemos observar no meio evangélico uma onda de rosas ungidas, travesseiros, cajados, chaves, lenços , envelopes [?!] e qualquer coisa que a criatividade for capaz de fazer para chamar a atenção , como uma fotografia, também poderá ser ungida.
Como se não bastasse todas estas coisas serem ungidas inadequadamente, em muitos  cultos podemos presenciar a unção de pessoas em atacado. Sim, pessoas com os mais variados tipos de problemas sendo ungidas à uma, quando a Bíblia apenas recomenda a unção de pessoas enfermas (Tg 5:14). São ungidos hoje no meio do povão os incrédulos, os bêbados, os viciados e até os endemoninhados, tudo em nome de Jesus e como se tivesse alguma aprovação bíblica para isso. É preciso tomar cuidado para não banalizar a atuação do Espírito Santo entre nós.
Quando conhecemos o verdadeiro significado do óleo da unção nosso entendimento se abre contra os ventos de doutrina que giram em redor dele. Assim como a água do batismo simboliza o Espírito Santo quanto à lavagem da regeneração (Tt 3:5), o óleo da unção simboliza a ação do Espírito quanto à cura divina, ao bálsamo que alivia toda a dor. Ungir objetos para livrá-los da intenção do maligno é o mesmo que batizá-los em água para declarar que são de Deus, ou seja, é teologicamente ridículo e averso ao propósito do óleo do santuário.
Não é possível invocar o Espírito de Deus sobre objetos inanimados, mas sobre crentes. Também não podemos invocá-lo sobre bêbados, endemoninhados, viciados ou qualquer outra pessoa que não o tenha aceitado como Ajudador.
Devemos sim cuidar de cada ato de nossos cultos primando pela ortodoxia, combatendo as inovações antibíblicas e lutando por preservar a integridade da fé que foi dada aos santos de uma vez por todas (Jd 3).


Marcelo Reis.

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