sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Discrepância da Maldição Hereditária


"Eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam." (Ex 20:5)
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"A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele." (Ez 18:20)

Sendo a Bíblia insipirada por Deus, é impossível que estes dois versículos sejam uma contradição. Ex 20:5 tem servido de versículo-chave para o ensino da "maldição hereditária", mas se não há contradições na Bíblia devemos analisar este texto à sua própria luz e procurar entender qual é sua realidade à luz de toda a Bíblia.
O contexto deste versículo é iniciado no v.3 e termina no v.6. Para compreender melhor o que Deus está dizendo é necessário ler o versículo dentro do contexto:

v.3. Não terás outros deuses diante de mim.
v.4. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
v.5. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
v.6. E faço misericórdia a até mil gerações dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.

No v.3 Deus está proclamando o primeiro mandamento: Não terás outros deuses diante de mim.
Os vv. 4-5 compõem a proclamação do segundo mandamento:  Não farás para ti imagem de escultura (...) Não te encurvarás a elas nem as servirás. Aqui, o Senhor exige exclusividade de culto, diz que é zeloso (lit. ciumento), e que visita a maldade (lit. pecados) dos pais sobre os filhos até quatro gerações DAQUELES QUE O ODEIAM. Note que a visitação da maldade se estende a todos o que odeiam ao Senhor, enquanto os que amam a Deus serão tratados com misericórdia até sua milésima geração.
Em suma, Deus está advertindo o seu povo que Ele não aceitará a prática da idolatria, e se alguém escolher outros deuses para servir, estará também escolhendo maldições para sua vida. As possibilidades de um homem pagão transmitir sua crença a seus filhos era iminente, pois a tradição familiar tinha mais influência naqueles dias do que qualquer pregação e, desta forma, os descendentes de tal homem praticariam as mesmas obras e se submeteriam às mesmas maldições. O exemplo que temos em nossos dias é a criança que nasce de pais portadores de HIV, sífilis ou gonorréia: os pais escolheram o caminho indevido, provavelmente seu filho carregará a consequencia dos pecados dos pais, mas não o pecado em si. Assim acontecia com os ímpios do AT, os filhos sofriam as consequencias inevitáveis dos pecados dos pais.
Aconteceria, porém, que se um dos descendentes do tal homem pagão se submetesse à vontade de Deus, não estaria mais sob maldição, pois conforme o texto de Ez 18:20 (exposto no topo deste artigo), o filho não pagará pelos pecados do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho, pois a alma que pecar, esta morrerá.
Infelizmente não é isto o que muitas igrejas estão ensinando, principalmente aquelas que promovem exageradamente cultos de libertação, piorando por parte daquelas que partem para a quebra de maldição.
Segundo os amantes deste ensino, pecados cometidos pelos ancestrais de uma pessoa podem influenciar em sua vida espiritual, familiar, amorosa e principalmente na vida financeira. Com base em Mt 12:29 acreditam que devem amarrar supostos demônios que causam seus males, para então os repreender e tomar posse daquilo que Satanás estaria lhes restringindo. Ainda que pudéssemos tomar esta mera comparação que Jesus fez entre saquear uma casa e expulsar demônios para justificar a quebra de maldições, não poderíamos deixar de considerar que o agente da maldição em Ex 20:5 é Deus, e não Satanás. Quem poderia amarrá-lo?
O que eu acho interessante nesta suposta "amarração de Satanás" é que eles vivem amarrando o demônio e ele continua agindo!
O que quebra a maldição na vida do homem é o sangue de Jesus, que o purifica de todo o pecado. Jesus não só amarra, mas expulsa os demônios da vida daquele que o receber como Senhor e Salvador.
Não se pode negar que a atuação de demônios na vida dos crentes fiéis também é uma realidade. O ministério do inimigo é destruir vidas, separar famílias e conduzir as pessoas às mais variadas formas de destruição. Lutamos sim, contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef 6:12), mas isto não significa que Satanás está atuando contra nossas vidas por causa do pecado de um antepassado.
Além disso, nem todo infortúnio pode ser considerado derrota. Os pregadores da maldição hereditária consideram que as enfermidades, as privações, as dificuldades financeiras e tantas outras coisas sejam o resultado de ações demoníacas, fosse assim, teríamos de conjecturar que justo e reto Jó era um homem possesso pelos espíritos malignos.
Mas se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Cor 5:17), e agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1), que vivem agora uma vida segundo a vontade de Deus, e sabem que nem a tribulação, nem a angústia ou a perseguição, nudez, perigo ou espada lhes poderão separar do amor de Cristo, pois em todas estas coisas (que não são nenhuma prosperidade) são mais que vencedores por aquele que os amou (Rm 8:35-37)!
O Senhor quer sim que vivamos uma vida plena e abençoada, mas por vezes ele nos leva ao deserto para nos provar e conhecer o que há em nossos corações (Dt 8:2), para que sejamos aprovados e honrados para a glória do Seu louvor.

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