sábado, 13 de novembro de 2010

E o Cordeiro Abriu o Livro!


Havia sessenta anos que Jesus fora assunto aos céus. Jerusalém já havia sido invadida, o Templo destruído, os cristãos perseguidos sem causa, e o ancião João confinado numa ilha onde todo tipo de bandidos era levado cativo.
         Depois de muita perseguição e castigo, João já não tinha mais tantas expectativas acerca de seu ministério, e não era para menos. Avançado em idade, ele parece esperar seus últimos dias chegarem, quando seu velho Amigo lhe surpreende uma vez mais para tornar João o escritor do livro mais estudado do Novo Testamento. Tudo o que João passou nestes tempos nos remete à certeza de que por mais que o inimigo pense ter calado os que anunciam a volta de Jesus, o Senhor tem sempre algo mais a fazer em nossas vidas, e sempre põe diante de nós uma porta de saída nos momentos mais difíceis.
         João estava na ilha, e ouviu quando alguém lhe chamou. Ao virar-se para ver quem era, a visão foi realmente espantosa: Jesus apresentou-se a ele na mesma forma em que se transfigurou no monte Tabor. A maravilhosa aparência de Jesus, descrita em Apocalipse 1:13-16 demonstra a grandiosidade do poder do Senhor em seu estado glorificado.
Mas a intenção de Jesus não era apresentar seu estado glorificado ao apóstolo, era mostrar a ele e a nós a glória que nos foi reservada. As coisas necessárias e urgentes às sete igrejas da província da Ásia tipificaram as necessidades universais da igreja em todos os tempos.
Tudo o que foi dito a João na revelação teve de ser escrito. Dentre tantas visões, uma nos traz um conforto especial, e uma segurança sem par. Em dado momento da visão, João é levado a contemplar uma sala, onde está o trono de Deus cercado de vinte e quatro anciãos e quatro seres que em todo o tempo cultuam a Deus.
João vê que na mão direita do Ser que estava assentado sobre o trono, havia um livro escrito por dentro e por fora. Mas o livro estava lacrado com sete selos.
Segundo a jurisdição romana, apenas alguém com méritos militares elevadíssimos eram dignos de abrir documentos lacrados com sete selos. A visão de João dizia que ninguém no céu ou na terra, nem embaixo dela fora achado digno de abrir o livro e de desatar os seus selos.
Ao ver que o livro não poderia ser aberto, João diz ter chorado muito, afinal de nada serve um livro tão importante, mas que não pode ser lido. A história de salvação da humanidade, o direito do homem se reconciliar com Deus, o livramento do inferno e da morte eterna estavam lá naquele livro. A história daquele livro era o juízo contra o pecado e a redenção das nossas vidas.
Mas se ninguém tinha dignidade para abrir, de que adiantaria esta linda história existir? De que valeria os propósitos de Deus em nos reconciliar consigo mesmo se ninguém levaria o plano a cabo?
Um ancião disse em alta voz: “Não chores. Eis aqui o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus selos!” Do meio da sala, entre o trono e os anciãos, surge um Cordeiro, como havendo sido morto e revivido, tomou o livro das mãos do que estava assentado sobre o trono. E os quatro animais cantavam: “Digno és, Senhor, porque com o Teu sangue compraste para Deus os que vêm de todo povo, tribo, língua e nação. E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes!”.
Ainda hoje ecoa em nossos corações o som da adoração que aconteceu naquele momento na presença de Deus, e uma sensação de liberdade nos conduz a adorá-lo, ao que está assentado no trono e ao Cordeiro damos toda a glória, e tudo o que há em nós reconhece que não há prazer maior do que ter o nome escrito naquele livro que foi aberto pelo Cordeiro.
Quando nos deparamos com a perseguição que recai sobre os crentes, brota em nosso peito a consolação do Espírito Santo que nos diz no coração: “Eu te farei um novo ‘João’, e lhe mostrarei grandes coisas; sobe aqui!”.
Por mais que a tribulação pareça ser grande, a Palavra nos garante que o Senhor nos faz andar em lugares altos, acima dos problemas e das tribulações. Mesmo quando o sofrimento nos confina em meio ao desespero, há um Amigo que nos surpreende a cada dia, em cada situação, nos fazendo crescer sempre mais na graça e no conhecimento do Filho de Deus.
A Ele a glória para sempre! Amém.

Marcelo Reis.

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