terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Jornal "Cristão" de Satanás


Percebe-se que há novo dom na igreja. É um novo dom de línguas: o “dom de línguas soltas”.
O objeto de desejo de quem trabalha com a mídia é a novidade. Se de um lado estão os que amam a arte de noticiar, do outro lado estão os expectadores, ansiosos por algo novo, por uma notícia que poderá render bons comentários. É assim na TV, no rádio, na internet e não seria diferente no famoso Jornal de Satanás.
O que me deixa intrigado nem é o fato de os crentes serem o público-alvo deste instrumento diabólico. O que realmente me intriga é o corpo de reportagem ser composto única e exclusivamente por pseudo-mensageiros do Evangelho de Jesus Cristo. São pessoas que deveriam estar envolvidas no trabalho de proclamar as Boas-Novas do Reino de Deus mas estão, na verdade, ocupando-se dos ministérios de Satanás. Veja os ministérios que a Bíblia atribui a Satanás e compare com alguns falastrões que permeiam a igreja:
> observar os servos de Deus procurando defeito (Jó 1:7)
> acusar os irmãos (Zacarias 3:1; Apocalispe 12:10)
> mentir (João 8:44)
> roubar [a credibilidade], matar [a fé] e destruir [o que o outro tenta construir] (João 10:10)
> dizer meias-verdades a fim de promover rebeldia contra a Obra de Deus (Gênesis 3:1-5; Mateus 5:37)
 
> se fazer de anjo de luz para anunciar um "evangelho" diferente do que a Bíblia ensina (2 Coríntios 11:14).
Muitos crentes têm assumido as características acima afirmando estarem zelando do bem-estar da Obra de Deus, quando na verdade estão praticando a igrejolatria, o orgulho denominacional e a divinização da instituição física da igreja. Esqueceram-se de que a nossa luta não é contra a carne ou o sangue, mas contra as autoridades espirituais da maldade nos lugares que pertencem ao Reino de Deus.
Deixaram de anunciar a boa-nova da salvação aos descrentes para perseguir os crentes. Reduziram a multiforme Graça de Deus a um grupo de pessoas orgulhosas, veneradoras de seus templos e de sua denominação.  Engessaram o Espírito Santo e o engaiolaram dentro de suas quatro paredes. Diabolizaram tudo o que acontece fora da tutela de seus líderes. Elas atribuem conscientemente a Obra de Deus ao diabo. Fizeram da blasfêmia contra o Espírito Santo um estilo de vida, e mesmo assim continuam a negar o perdão a outros coitados que arrependidos que estão, se tornaram dignos de serem perdoados.
E você, o que está fazendo? De que lado você está? Não se omita em denunciar esta mídia diabólica. Pare de dar ouvidos a fábulas de demônios e a espíritos enganadores. Não devemos dar ouvidos e nem mesmo propagar as falaciosas acusações do inimigo contra o povo de Deus. Quem quiser acusar, que traga provas. E quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra.
Só Jesus Cristo salva.
Marcelo Reis.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Igreja x Denominação: Qual é a Sua Identidade?

 
Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?
(1 Coríntios 3:3-4)
 
Por força do hábito, sempre dizemos o nome de nossas denominações quando nos perguntam a que igreja pertencemos. Se levado em conta o sentido figurado de "igreja" aplicado à denominação, isto não é nenhum problema. O problema começa mesmo é quando nossa identidade passa a ser denominacionalista antes de considerarmos nosso papel como parte da Igreja do Senhor Jesus e do Reino de Deus.
Isto não significa que ao ser membro da Igreja de Deus eu não possa ser membro também de uma denominação. Significa sim que  a Igreja e as denominações têm importâncias e papéis diferentes no Reino de Deus, e isto não pode ser desconsiderado.
A Igreja é um corpo invisível, que subiste além das fronteiras denominacionais, composto por todos os salvos em Cristo, gentes de todo povo, tribo, língua e nação, e de todas as épocas. A denominação é apenas uma parte da Igreja do Deus Vivo, um grupo de pessoas que pensam de forma semelhante e partilham os mesmos costumes. Ela não é o Corpo de Cristo, é apenas um galho que sustenta os ramos da Videira Verdadeira, Cristo, do qual a Igreja é o Corpo.
Se limitarmos nossa visão à denominação e acreditarmos que ela é o Corpo de Cristo, acabamos por deixar de lado a multiforme Graça de Deus e damos lugar a um conceito antibíblico no que diz respeito à Obra de Deus.
Confundimos muitas vezes a Obra de Deus com a parte que nos cabe neste trabalho de provisão de salvação, no qual ela consiste. Tomamos a parte como se fosse o todo. Passamos a acreditar que o Reino de Deus está ali, bem diante dos nossos olhos, cercado por quatro paredes, sob a tutela de um ministério.
Deixamos de lado a visão de Reino, de Igreja, para assumirmos uma postura denominacional. Pregamos a placa da nossa igreja e enfatizamos o que Deus faz entre nós, como se nossas, por nós e para nós fossem todas as coisas.
Deixamos de pregar a Jesus Cristo crucificado. Deixamos de nos alegrar pelo que Ele tem feito por nós, para nos gloriarmos daquilo que temos feito por Ele.
É necessário pararmos agora mesmo para refletir. Precisamos recordar urgentemente de que não é na denominação que estamos ligados, mas na Videira. Devemos ter a consciência de que nossa denominação é apenas mais uma porta aberta para que o Evangelho seja anunciado. Congregamos com pessoas que pensam como nós, que agem como nós, que adotam usos e costumes parecidos com os nossos, e que nem por isto são melhores ou mais divinos que o resto da humanidade.
A denominação tem um inestimável valor quando ao reunir pessoas de hábitos parecidos, lhes dá maior satisfação em oferecer a Deus culto com o coração alegre. Perde porém o seu valor quando ao congregar pessoas, as separa do restante do Corpo de Cristo.
Os frutos são conhecidos pela árvore e a árvore pelos frutos. Os frutos são da árvore, não das varas.
"Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim", disse Jesus. (João 15:4)
Estamos ligados na Videira, de forma que não há meios sem os galhos. Tomemos então o devido cuidado para não darmos mais valor ao galho do que à Videira, pois assim não daremos frutos, seremos cortados, lançados fora e pisados por não haver mais em nós nenhum valor.
Somos parte da única Igreja existente em todo o universo: o Corpo de Cristo. Nele bem ajustados e ligados pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, cresceremos em graça e em amor (Ef 4:16).
 
Para a glória de Deus em Cristo Jesus,
Marcelo Reis.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O que acontece quando o cristão passa pelo vale da depressão?

Falar dos próprios medos nunca foi o hobby predileto da maioria dos seres humanos. Talvez os deveres do indivíduo (como integrante social, pai ou mãe, esposo ou esposa, líder religioso ou pessoa influente) produzam em sua mente a falsa responsabilidade de se comportar como super-herói diante das pessoas.
É provável que você conviva com alguém que pareça ser uma pessoa plenamente realizada, forte e destemida, a ponto de se tornar um modelo de vida para a maioria das pessoas que convivam com ele. Pode ser ele o seu chefe, um parente, amigo ou até mesmo o seu pastor. Muitas vezes o seu jeito sóbrio de agir e tomar decisões acertadas é capaz de esconder da vista de todos o tamanho da tristeza ou frustração que esta pessoa carrega  no peito.
Pode ser também que você conheça uma pessoa simples, sem muitos atributos, que não tenha tantas responsabilidades assim, e que aparentemente viva a tranquilidade paradisíaca que você sempre sonhou. Você pode não saber que ela vive sozinha nos seus momentos de maior dificuldade, nem que seu maior sonho seria ter algo importante para fazer e de alguma forma ser notada por algumas pessoas. A aparente tranquilidade dela pode ser na verdade o pior de todos os tédios, o mais aterrorizante de todos os marasmos e, com isto, se sentir apenas mais uma inconveniência do universo.
Isto é uma realidade que assombra pessoas de todas as idades, credos e classes sociais. Fatores diversos e condições mil lançam pessoas depressivas no calabouço da incompreensão. Fatores e condições estes criados pelas lendas sociais, pela exagerada espiritualização das coisas e principalmente pelo despreparo dos amigos e familiares da pessoa depressiva para lidar com a situação.
Mas o que acontece quando é o cristão quem passa pelo vale da depressão? Como conciliar sua fé às pregações que diabolizam o quadro depressivo quando este é uma doença patológica?
A ausência de respostas para essas perguntas já levou, infelizmente, muitos cristãos sinceros ao suicídio. Vergonhosamente ainda somos uma geração que aponta a depressão como um mal que atinge apenas pessoas de pouca fé ou que não vivam uma experiência plena com Deus.
É urgentemente necessário entendermos que depressão não é um mal espiritual (embora haja exceções), mas uma doença delicada que precisa de tratamento.
Nada pode ser tão prejudicial a alguém que sofre de depressão quanto a falta de compreensão e preparo por parte das pessoas do seu convívio. Contar com o apoio da família, bem como o devido amparo emocional, amizades saudáveis e privacidade suficiente para seus desabafos é tudo o que alguém depressivo precisa.
Frases de efeito como "não aceite" ou "repreenda isto" não são de nenhuma serventia. O irônico tapinha nas costas acompanhado do famoso jargão "isso não é doença de crente" pioram ainda mais as coisas.
O que viria a ser doença de crente, o câncer? São tantas as enfermidades que assolam o povo de Deus, e por que haveria de ser a depressão a única doença plantada pelo diabo no meio cristão?
A maior parte dos depressivos que já pensou em suicídio ou tentou cometê-lo atribui uma parte significativa de seus motivos pra isto à incompreensão por parte das pessoas que lhe são queridas. A exposição que ridiculariza, a sensação de autoestupidez e coisas deste tipo levam a pessoa que já perdeu o prazer pela vida a perder todas as esperanças de recuperá-lo.
Se você conhece alguém que sofre de depressão, ouça-o. Dê atenção, se esforce a compreendê-lo, ore se for necessário, mas JAMAIS culpe-o mais do que ele já se sente culpado. Não procure esfregar na cara as fraquezas que já lhe são tão evidentes. Coloque-se à disposição, transmita confiança. Na dúvida não diga nada, será melhor do que dizer a coisa errada. Seu amigo/parente depressivo não precisa apenas de conselhos, precisa de amor. É de ser valorizado que ele tem necessidade.
Se você é depressivo, meu amigo e irmão, entenda uma coisa: assim como não há bem que sempre dure, também não  há mal que nunca se acabe. Você não está assim porque é menos crente que os demais, nem é o primeiro crente verdadeiramente crente que sofre de depressão.
Se os infortúnios da depressão fazem você duvidar do seu relacionamento com Deus, lembre-se de Elias. Um dos maiores profetas do Senhor, que sozinho matou quatrocentos e cinquenta profetas de Baal foi esconder-se numa caverna com medo de uma mulher que jurou matá-lo. Talvez você já tenha vencido tantos problemas maiores do que este que está enfrentando agora, mas você está frágil, está debilitado... A qualquer momento aquela Voz que chamou Elias na caverna pode lhe chamar também e lhe dizer as mesmas palavras: "Que fazes nesta caverna?". Lembre-se do reto Jó que chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento, mas que no dia mais miserável do seu sofrimento declarou: "Eu sei que o meu Redentor vive!".
A oração e a leitura bíblica são os pilares da vida de todo cristão, e são também os primeiros prejuízos do crente depressivo. É difícil dedicar-se à leitura e conseguir orar bem em determinado estágio do quadro depressivo, portanto sua aparente frieza espiritual não se trata de apostasia, mas de um sintoma da depressão. Não afaste-se do Senhor por isso, nem desista de seu ministério caso tenha. Tudo isto irá passar como resultado de sua força de vontade.
Lute e resgate tudo o que era importante pra você. Retome suas atividades e procure cumprir seus compromissos com coragem e responsabilidade. Sua vida é um projeto de Deus e nada que acontece com você está longe do alcance das vistas dele. Pode acreditar que ele está ao seu redor confiando em você, aguardando para a qualquer momento ver você sair vitorioso e, assim como Elias saiu da caverna, como Jó recuperou sua dignidade, e como Asafe voltou a se firmar na esperança da justiça divina, você também saia desta caverna escura, recupere toda sua dignidade e autoestima e volte a desfrutar da certeza de que tudo está nas mãos do Grande Deus!
Deus é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos (Efésios 3:20).
Levante a cabeça!
Em Cristo Jesus,
Um crente que também já sofreu a depressão,
Marcelo Reis.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Serpente de Bronze, Uma Figura de Cristo

E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:14-15)

Ia caminhando pelo deserto um povo chamado por Deus a conquistar o melhor da terra. Eram muitas as impossibilidades, e as dificuldades eram das maiores. Mas Deus havia chamado o povo para conquistar.
Numa caminhada de décadas não faltou provisão, pois os seus sapatos não se envelheciam, suas roupas não se acabavam, água brotava da rocha pra lhes matar a sede, chovia carne e aparecia pão pra lhes saciar a fome. O Senhor lhes deu vitória sobre todos os povos que se lhe opuseram no caminho da terra prometida e muitos exércitos caíram pela mão do Senhor em seu favor.
Mas nada disto foi o suficiente para que o coração do povo de Israel se inclinasse humildemente diante do Senhor dos Exércitos. Por vezes Israel se curvou diante de práticas e de deuses pagãos. Murmuravam, pecavam, insurgiam-se contra a liderança e contra a Lei de Deus.
Depois de derrotar o forte exército dos cananeus, Israel prossegue no caminho e começa a angustiar-se pelo cansaço e, pelo cansaço, murmura contra Moisés e contra o seu Deus. Chegam a afrontar, dizendo a Moisés: "Por que você nos tirou do Egito? Para que morrêssemos aqui neste deserto? Pois aqui não há comida nem bebida, e já estamos enjoados deste pão miserável (o maná) que você nos dá!" (Números 21:5).
A atitude ingrata do povo provocou a indignação de Deus, que enviou serpentes venenosas para assolar Israel e através delas muita gente morreu no deserto.
Quando a nação percebeu que a praga das serpentes era um castigo do Senhor, o povo arrependeu-se , humilhou-se e pediu a Moisés intercessão, para que Deus afastasse de Israel as serpentes venenosas e lhes poupasse a vida.
A resposta de Deus não foi a retirada das serpentes, mas ainda assim quis mostrar outra vez seu amor e misericórdia. "Faça uma serpente de bronze", disse o Senhor a Moisés, "e a coloque num poste alto, para que todos possam vê-la, e acontecerá que se alguém for picado por uma serpente venenosa, e olhar para a serpente que você terá feito, ficará curado" (Números 21:8). E assim foi.
O roteiro da misericórdia está claro neste contexto. Israel cria em Deus, sabia do seu amor e do seu poder, mas estava angustiado e cansado. Esta condição se agravou porque a nação deixou de observar a Lei e de crer nas promessas de Deus. Quando o povo abandona a posição de servo confiante, passa a murmurar e a se fatigar. Isto provoca a ira de Deus, mas arrependendo-se e voltando-se para o Senhor, a misericórdia de Deus se manifesta, providenciando o escape. A serpente levantada no deserto trazia à memória de quem olhava para ela a Lei de Deus. O episódio da serpente de bronze ficou registrado na memória dos judeus como o chamado de Deus ao arrependimento. "E quem olhava para ela era salvo, não em vista do objeto que olhava, mas por ti, ó Senhor, Salvador de todos" (Sabedoria* 16:7).
Ao falar do Novo Nascimento, Jesus comenta com Nicodemos a serpente de bronze que Moisés levantou no deserto e afirma ser necessário que o Filho do Homem seja levantado da mesma forma (João 3:14).
Hoje estamos nós, muitas vezes nas mesmas condições de Israel no caminho do deserto... Estamos cansados, angustiados e enfraquecidos. As tribulações nos fazem murmurar e até esquecer das promessas de Deus. Esquecemos os mandamentos, deixamos a essência de lado e reclamamos. Pecamos. Experimentamos o veneno da serpente, aquele mesmo veneno que trouxe morte a Eva e a Adão. Pecamos sim! Erramos e nos achamos no direito de reclamar, de reivindicar. Somos então, ainda mais envenenados, e se não houver arrependimento morreremos em nossas ofensas e pecados.
Mas assim como a serpente foi levantada no deserto, Cristo foi pendurado no madeiro, para que ao olharmos para ele tenhamos salvação e vida eterna!
Nos cansamos porque deixamos de olhar para Cristo. Olhamos para os problemas, para as dificuldades, e olhamos até mesmo para o pecado... Estamos fartos de dar a outra face e queremos ter razão. Mas ainda ouvimos o convite de Jesus, aquele mesmo convite feito a Tomé: "Veja o sinal dos cravos, e as feridas feitas pela lança no meu lado..."
Pela fé ainda podemos olhar para a Cruz e saber que o nosso Jesus foi morto nela, moído pelas nossas iniquidades, a fim de voltarmos nossos olhos para os princípios da adoração e da santificação.
A ele glória para sempre, pela oportunidade que nos deu de sermos livres do veneno do pecado.
"Olhai pro Cordeiro de Deus"!

Em Cristo Jesus,
Marcelo Reis.

*O livro da Sabedoria não consta nas Bíblias protestantes, mas era respeitado pelos judeus helenistas como um livro útil para conhecimento por fazer parte da Septuaginta (Bíblia Grega do Antigo Testamento). Atualmente este livro é contado entre os deuterocanônicos (ou apócrifos) da Bíblia católica.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os Igrejólatras

Chega a ser interessante o nível de idolatria praticada por alguns crentes fanáticos diante de sua própria denominação. Deveriam ser, no mínimo, mais um ramo de estudo dentro da apologética o que chamo aqui de "igrejólatras".
É lamentável o que esta prática pode causar no caráter de pessoas sinceras, realmente interessadas em agradar a Deus - mas, infelizmente, enganadas em seu pseudo-evangelho. Pode-se identificar facilmente um igrejólatra dois minutos após ele saber que você e ele congregam em denominações diferentes. Ele se sente (e se demonstra) mais espiritual do que os crentes de outras igrejas e duvida de quase tudo o que ocorre no mundo espiritual fora de sua denominação. É uma pessoa que defende a própria fé baseando-se em tradições, usos e costumes. A escassez de conhecimento bíblico logo fica estampada no próprio ato de se julgar mais apto pelas obras que aprendeu em sua igreja e na correria cega que faz procurando argumentos para denegrir a imagem de qualquer outra igreja.
O perigo da igrejolatria chega a ser maior do que o da idolatria propriamente dita. Isto porque os idólatras podem ser facilmente esclarecidos ao perceberem que só o verdadeiro Deus pode e deve ser honrado soberanamente. No caso dos igrejólatras, sua mente é forçada a crer que Deus está comprometido a fazer verdadeiras obras somente entre os crentes de sua denominação. Jesus deixa de ser o caminho para Deus e Sua salvação para dar espaço às práticas da igreja que o levarão ao merecimento de sua salvação. Desta forma, a Graça já não é mais Graça (Rm 11:6).
Recentemente tive a infeliz experiência de conversar com uma pessoa assim. É desagradável, fútil e empobrecedor. Percebe-se que o sentimento de superioridade compartilhado pelos igrejólatras vem dos púlpitos de sua igreja, causando um processo de idiotização em massa. Nota-se que eles têm certeza do que estão dizendo, mesmo que seus conceitos sejam escancaradamente controversos.
Uma marca que os igrejólatras levam inevitavelmente é a falácia*. Como a Bíblia não concede monopólio de salvação a grupo religioso nenhum, é necessário que eles recorram a algum tipo de afirmação que intimide o interlocutor, como se estivessem dizendo a coisa mais óbvia, a verdade incontestável...
Veja como é simples identificar uma falácia igrejólatra:

1º) O extremismo
Ou é oito ou oitenta! É tudo ou nada! Se você não é santo é condenado. Se não pensa igualzinho a todos os membros da igreja você é contra ela. Se não se submete cegamente a tudo o que a liderança diz, você é um rebelde (e rebeldia neste caso é comparada àquela que a Bíblia diz ser pior do que o pecado de feitiçaria [1 Sm 15:23] - e eles fazem questão de jogar isto na sua cara!). Se isto se aplica aos membros da denominação extremista, não é difícil imaginar o que se aplica às denominações que adotam práticas e costumes diferentes das delas.

2º) O apelo à vaidade do interlocutor
Quando um igrejólatra tenta convencer você de suas teorias, ele precisa ter controle da necessidade que você tem de não parecer um idiota ao discordar dele. É como se ele dissesse: "Puxa vida, uma pessoa tão espiritual como você não acredita nisto?!" ou "Sei que você é espiritual, claro que vai entender isto..."

3º) Superioridade preconceituosa
"Isto que estou lhe dizendo Deus revela somente a pessoas especiais" ou "É necessário ter intimidade com Deus pra saber disto" ou ainda "Deus não revelaria o que estou lhe dizendo a qualquer um". Estas são frases especiais para o igrejólatra deixar você constrangido a concordar com ele de alguma forma ou, no mínimo, não refutá-lo.

4º) Ridicularização do credo alheio
"Se há perdão para pecadores crentes na sua igreja os pecadores nunca irão deixar de pecar" ou o famoso jargão "Seu pastor não ensina de outra forma para não perder os dizimistas que têm". Se a sua igreja adota o dízimo como prática de contribuição sistemática e a dele não, ele diz que seu pastor é um ladrão e você é, portanto, um idiota.



5º ) O argumento da antiguidade ou tradição
Geralmente as igrejas com maior ocorrência de igrejolatria são mais antigas e, na maioria das vezes é liderada por um presbitério mais idoso. O fiel fanático atribui à antiguidade da igreja e de seus líderes a certeza que tem de estar dizendo a coisa certa. "Sempre foi assim" ou "Se Deus sempre age na minha igreja sendo assim há anos é porque ela está certa, logo se a sua é diferente, ela está errada".

6º) O apelo à maioria
"Veja o tamanho da minha igreja! Você acha que Deus permitiria tanta gente ser enganada?"; "Há muito mais pessoas na minha igreja do que na sua, somos maioria, por isto é claro que estamos certos".

7º) O testemunho-propaganda
As obras realizadas por Deus em sua igreja passam a ser condicionadas à denominação. Os testemunhos contados chamam mais atenção ao que aconteceu em sua igreja do que ao Deus que fez a maravilha contada. É como se Deus só tivesse feito o que fez porque a pessoa pertence à tal denominação.

8º) Ataque à idoneidade e à autoridade
As possíveis falhas no comportamento do ministério ou maus testemunhos que membros tenham dado na igreja que você frequenta servem como armas para o igrejólatra tentar lhe desmotivar a continuar congregando em sua igreja. Ele usa estas falhas para descredibilizar a igreja e seu ministério como povo de Deus.

9º) O apelo ao medo
"Vamos ver no dia do Juízo Final quem estava certo". Seria engraçado se não fosse ridículo acreditar que Deus estaria interessado em decidir quem estava com a razão diante do Juízo Final. O igrejólatra, quando perde forças para argumentar, passa a aterrorizar a mente do interlocutor, fazendo parecer que ao discordar de suas ideias, estará automaticamente lançando sua alma no inferno. Para chegar a convencer seu oponente o uso de testemunhos de visões do inferno, de conversas com anjos e todo o tipo de experiência extra bíblica é largamente usado.

10º) A falácia da bola de neve
Tudo o que a organização religiosa de um fanático rejeita é tomado como absurdo e visto como o caminho para a perdição. Se a igreja onde você congrega concorda com o ministério feminino e a dele não, será fácil ouví-lo dizer que não há homens capazes de liderar na sua igreja e que logo as mulheres irão tomar a liderança da igreja. Se a sua igreja trabalha com reintegração de desviados e a dele não, ele irá certamente associar você a um apologista do pecado e dizer que em breve sua igreja será comparada a Sodoma e Gomorra.

11º) Generalização indevida ou tomar a parte como um todo
"Todo pastor é corrupto e ladrão, eu mesmo conheci um que era..."; "As pessoas daquela igreja não têm amor, meu vizinho é de lá e não ama nem os próprios filhos..."; "Aquela igreja não merece crédito, conheço um pastor de lá que agiu desordenadamente..."

12º) Atribuições absurdas
"Nossos jovens são mais santos porque não vêem televisão"; "Deus atende às orações daquela irmã porque ela não usa maquiagem"; "Seu pastor não merece credibilidade porque o filho dele é desviado"; "A minha igreja é a verdadeira porque é diferente de todas as outras", etc.

Fato é que não devemos desviar o foco da nossa salvação da pessoa do Senhor Jesus. É através do sangue de Jesus e da fé que nele exercemos é que somos salvos. Não há nada, ninguém, nem qualquer denominação que seja capaz de atrair os benefícios da maravilhosa Graça de Deus. As denominações não trazem benefício algum além de reunir pessoas que compartilham um mesmo parecer teológico.
Não se atrai a bondade de Deus com proclamações de boas obras, mas com um coração quebrantado  e humilde (Sl 51:17).
Devemos ter em mente a todo tempo que se houvesse condições para que pudéssemos perder o amor de Deus, já o teríamos perdido há muito tempo. Empregamos forças em servir a Deus e obedecê-lo para que Ele veja em nós sinceridade, mas todo o nosso esforço é vão e toda a nossa capacidade é nada, pois é por misericórdia d'Ele que não somos consumidos, e não por merecimento nosso.
O Senhor dos Exércitos, Justo e Soberano não precisa se ater a denominação nenhuma para cumprir a Sua vontade, porque d'Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas!

Marcelo Reis.

*Falácia é o termo empregado para descrever argumentos claramente inconsistentes e infundados tomados como verdades universais.