E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos.
(Mateus 26:27)
(Mateus 26:27)
Recordar e anunciar a morte do Senhor até que ele venha é a mensagem central da celebração da Santa Ceia do Senhor. Agregado a este tema há para o cristão um importante convite a se auto examinar antes de participar do corpo e do sangue do Cordeiro de Deus.
Deve-se abraçar a mensagem da Santa Ceia como exposta por Cristo e pelo apóstolo Paulo, tomando o cuidado de não fazer como os fariseus, invalidando a Palavra de Deus através da nossa tradição (Mt 15:3). Infelizmente nem sempre é isto o que ocorre.
Algumas denominações criam polêmica quanto à forma de celebração da Ceia quanto ao uso de cálices individuais ou de um único cálice.
A ênfase da polêmica sugere que o uso de cálices individuais é símbolo de individualismo na igreja, enquanto que o cálice único leva os fiéis a um sentimento de comunhão e a uma obediência à Palavra que de outra forma não haveria.
Acreditar nesta afirmação nos obriga a dizer que as congregações estão divididas entre si e não desfrutam de comunhão cristã, já que cada congregação utiliza um cálice específico. Para que todos participassem do mesmo cálice, um único cálice deveria percorrer todas as congregações do planeta a fim de manter a unidade da igreja.
Nota-se que há uma inversão de valores quando atribuímos qualidades espirituais a um cálice que apenas serve para conter o elemento que representa o sangue do Senhor. Há uma diferença gigantesca entre "beber dele todos" e "beber nele todos".
Entendemos que o sub-cálice (ou cálice individual) é uma medida de higiene que pretende resguardar a irmandade dos riscos desnecessários que ela pode estar exposta no compartilhamento do cálice único.
O cálice está para o fruto da vide como está a cruz para o sangue derramado nela. Assim como não devemos atribuir à cruz o beneplácito da salvação, não daremos ao cálice a sacralidade que pertence ao sangue representado pelo seu conteúdo.
Dar a objetos um sentido sacro ou divino incorre em idolatria. Devemos ser responsáveis e sóbrios, sabendo que é no verdadeiro amor fraterno que consiste a comunhão da igreja, não no compartilhamento de um cálice. É bom que estejamos cônscios de que o símbolo de nossa igualdade como irmãos em Cristo é participarmos todos da mesma mesa, sabendo que fomos todos lavados, remidos e justificados pelo mesmo sangue, representado (apenas representado) pelo cálice que vamos beber.
Não há nada de errado em compartilhar o cálice, exceto por sua inconveniência em questões de higiene. Mas também não há nada de errado em compartilharmos apenas o elemento que representa o sangue expiador, porém em cálices individuais.
A unidade do Espírito só se alcança através da paz (Ef 4:3), não do compartilhamento de um cálice.
Que a Paz de Deus seja com todos!
Marcelo Reis.