Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?
Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?
(1 Coríntios 3:3-4)
(1 Coríntios 3:3-4)
Por força do hábito, sempre dizemos o nome de nossas denominações quando nos perguntam a que igreja pertencemos. Se levado em conta o sentido figurado de "igreja" aplicado à denominação, isto não é nenhum problema. O problema começa mesmo é quando nossa identidade passa a ser denominacionalista antes de considerarmos nosso papel como parte da Igreja do Senhor Jesus e do Reino de Deus.
Isto não significa que ao ser membro da Igreja de Deus eu não possa ser membro também de uma denominação. Significa sim que a Igreja e as denominações têm importâncias e papéis diferentes no Reino de Deus, e isto não pode ser desconsiderado.
A Igreja é um corpo invisível, que subiste além das fronteiras denominacionais, composto por todos os salvos em Cristo, gentes de todo povo, tribo, língua e nação, e de todas as épocas. A denominação é apenas uma parte da Igreja do Deus Vivo, um grupo de pessoas que pensam de forma semelhante e partilham os mesmos costumes. Ela não é o Corpo de Cristo, é apenas um galho que sustenta os ramos da Videira Verdadeira, Cristo, do qual a Igreja é o Corpo.
Se limitarmos nossa visão à denominação e acreditarmos que ela é o Corpo de Cristo, acabamos por deixar de lado a multiforme Graça de Deus e damos lugar a um conceito antibíblico no que diz respeito à Obra de Deus.
Confundimos muitas vezes a Obra de Deus com a parte que nos cabe neste trabalho de provisão de salvação, no qual ela consiste. Tomamos a parte como se fosse o todo. Passamos a acreditar que o Reino de Deus está ali, bem diante dos nossos olhos, cercado por quatro paredes, sob a tutela de um ministério.
Deixamos de lado a visão de Reino, de Igreja, para assumirmos uma postura denominacional. Pregamos a placa da nossa igreja e enfatizamos o que Deus faz entre nós, como se nossas, por nós e para nós fossem todas as coisas.
Deixamos de pregar a Jesus Cristo crucificado. Deixamos de nos alegrar pelo que Ele tem feito por nós, para nos gloriarmos daquilo que temos feito por Ele.
É necessário pararmos agora mesmo para refletir. Precisamos recordar urgentemente de que não é na denominação que estamos ligados, mas na Videira. Devemos ter a consciência de que nossa denominação é apenas mais uma porta aberta para que o Evangelho seja anunciado. Congregamos com pessoas que pensam como nós, que agem como nós, que adotam usos e costumes parecidos com os nossos, e que nem por isto são melhores ou mais divinos que o resto da humanidade.
A denominação tem um inestimável valor quando ao reunir pessoas de hábitos parecidos, lhes dá maior satisfação em oferecer a Deus culto com o coração alegre. Perde porém o seu valor quando ao congregar pessoas, as separa do restante do Corpo de Cristo.
Os frutos são conhecidos pela árvore e a árvore pelos frutos. Os frutos são da árvore, não das varas.
"Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim", disse Jesus. (João 15:4)
Estamos ligados na Videira, de forma que não há meios sem os galhos. Tomemos então o devido cuidado para não darmos mais valor ao galho do que à Videira, pois assim não daremos frutos, seremos cortados, lançados fora e pisados por não haver mais em nós nenhum valor.
Somos parte da única Igreja existente em todo o universo: o Corpo de Cristo. Nele bem ajustados e ligados pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, cresceremos em graça e em amor (Ef 4:16).
Para a glória de Deus em Cristo Jesus,
Marcelo Reis.